Veio o “couvert” (2 euros) composto por manteiga batida com alho em pó e tomilho, com pão e azeitonas de qualidade regular. O começo foi pela “sopa parva” (4,50 euros), a fazer lembrar um híbrido entre um minestrone e um consommé. Vários ingredientes picados em cubinhos onde se encontravam curgete, chouriço, pêra, aipo de bola, rodelas de azeitonas ou castanhas, que vinham num caldo de frango clarificado até à transparência temperado com um piso de azeite e manjericão. Mesmo sem ter conseguido associá-la a Lisboa, o resultado foi reconfortante, com sabores definidos dos vários elementos a contribuírem para o equilíbrio do todo. Dos petiscos provaram-se os “peixinhos da horta” (3,50 euros), que eram cerca de uma dúzia de feijões verdes tenros e bem envolvidos num polme crocante, na linha de uma tempura, que trazia uma boa maionese de alho a acompanhar; no entanto, os “peixinhos” eram bons per si. Excelentes eram os “pastéis massa tenra” (3,50 euros), duas unidades de tamanho médio, massa estaladiça impecável, que se apresentou “sequinha” sem ceder à boa execução da fritura. O recheio húmido a sentirem-se os filamentos do novilho vinha centrado na massa, a fazer lembrar uns raviolis em ponto grande.
Nos principais escolheu-se o tradicional e prestigiado “bacalhau à Brás” (12 euros), com a simbiose perfeita entre a cebola não muito puxada, boa batata frita (aparentava ser caseira) e a mistura sedosa dos ovos muito agradável sem estar seca ou muito mexida para não deixar desfazer as lascas. Irrepreensível. Da sugestão “peixe do dia” vieram os “filetes de garoupa com arroz de grelos” (16,50 euros). Sobre uma pedra de xisto coberta com finas rodelas de limão vinha meia dúzia de tiras de peixe muito bem frito, num polme de “roupagem” compacta que se soltava com leveza, mostrando os minifiletes a lascar no interior. Ao lado um microtachinho de ferro (onde mal caberia uma batata de tamanho médio) com um saboroso arroz de grelos (de nabo) com a nota azeda ideal para contrastar com a fritura do peixe. O equilíbrio entre a porção servida e o preço é que não merece apreço. Nas “iscas com elas” (10,50 euros) a dose foi mais generosa, com seis isquinhas bem temperadas, ligeiramente rosadas no interior, em vez de secas, onde se sentia o vinagre, que apesar de não dominar o prato deixava o sabor da carne mais discreto. Bom acompanhamento de batata cozida cortada em rodelas grossa e corada na frigideira.
Redescobrir antes de inovar
Do painel doceiro os eleitos foram o ? ?pudim da Teresa” (4,50 euros), um flan individual de consistência enqueijada, onde além do caramelo vinham amêndoas torradas e uvas para trazer alguma frescura e contraste ao conjunto. Agradável mas não marcante. O “doce de vinagre” (4,50 euros) tinha boas hipóteses de deixar essa memória, mas falhou por completo. A receita do Montijo (também há uma versão semelhante na Ilha Terceira) trazia as notas “anisadas” da infusão da erva-doce no creme de leite e ovos “talhado” com vinagre, só que vinha tudo líquido e sem graça. O suposto ponto “espadana” da mistura desapareceu e não ajudou ter um granizado de manjericão em cima; o anunciado crumble de laranja foi outra miragem. Valeu tudo pelo “leite-creme com farófias” (4 euros), onde o molho de veludo espectacular podia estar ali sozinho sem a “sombra” das farófias.
- Nome
- Lisboa na Rota das Sedas
- Local
- Lisboa, São Mamede, Rua da Escola Politécnica, 231
- Telefone
- 213874472
- Horarios
- Terça a Domingo das 12:30 às 15:30 e das 20:00 às 23:30
Sexta-feira e Sábado das 12:30 às 15:00 e das 20:00 às 00:00
e Domingo das 12:30 às 15:00
- Website
- http://www.rotadassedas.com/
- Preço
- 30€
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Sim