Feitas as contas, o saldo pode vir a tornar-se muito positivo para quem quer prolongar a noite onde a Baixa de Lisboa começa. A abóbada pombalina do antigo Ministério das Finanças observa agora o início de um novo capítulo da sua história. É que aqui, desde Dezembro, também se dança. "Viemos para ficar", garante Francisco Rebelo de Andrade, um dos responsáveis pelo Ministerium Club, novíssimo bar-discoteca do Terreiro do Paço. Com muitas artes e sabores à mistura e a electrónica como banda sonora fundamental.
Podíamos tentar não nos distrair com "o melhor cachorro do mundo" (deliciámo-nos, mas perdoe-nos o leitor se não temos experiência tão abrangente que permita a confirmação), mas ele é importante nesta história. Foi numa conversa de amigos entre Francisco (advogado) e Filipe Calheiros (gestor de marketing) que nasceu a ideia. Por acaso, estavam a comer cachorros. Daí a servi-los num quiosque na Avenida da Liberdade (o Hot Dog Lovers) foi um passo. O salto seguinte estendeu o conceito ao Terreiro do Paço, em associação com Bernardo Delgado (Banana Café). Em Junho, havia ali nova esplanada.
O projecto da discoteca-bar já pairava. O espaço interior era perfeito para a acomodar - ou quase. Convertê-lo implicou, entre outras alterações, o trabalho acústico de manter a beleza da nave sem deixar que ela atrapalhasse a propagação de um som para o qual o seu tempo não a preparara. Resultou. Os DJ (e, num futuro próximo, as bandas) têm palco à medida, herança arquitectónica incluída. Quem quiser também pode reservar o espaço.
A localização é outro privilégio: uma praça de nobreza rara e eternamente embevecida pelo mesmo Tejo que a traiu em 1755. Por aqui sente-se a história e, segundo Francisco, também "o futuro da cidade". Um futuro à mão de locais e turistas.
Entramos pela arcada da ala nascente. O estreito corredor espelhado abre-se numa sala ampla. A decoração é minimalista, que a personalidade do espaço é vincada q.b. O olhar é puxado para cima, para o tecto alto e branco da tal abóbada que mais parece convidar a celebrações religiosas.
Se dependesse só dela, este seria um local de culto, com rituais ministrados pelos DJ residentes - Inês Duarte, Zé Salvador, João Maria (que acumula com as funções de programador) e Duarte Bettencourt - e por uma selecção que já trouxe Dinky e Move D e trará outros como Josh Wink, Genius of Time ou Matador.
Ainda é cedo para perceber o tipo de ambiente por que há-se ser conhecido o Ministerium Club, mas a casa cheia da inauguração (1 de Dezembro) e da participação no Vodafone Mexefest (8) deixa antever o eclectismo de público que se pretende. A cartilha de house e tecno procura agradar tanto ao especialista em clubbing como à senhora dos seus 50 anos que se deixa surpreender pelo que lhe é dado a ouvir. A ouvir e a ver.
"Oferecer uma grande experiência sensorial, tanto visual como acústica" é um ponto diferenciador do Ministerium. Atrás da mesa de mistura, uma imensa parede acompanha o ritmo com projecções das narrativas visuais concebidas pela Dub Video Connection, uma das empresas portuguesas parceiras (o made in Portugal é ponto de honra).
Subindo uma das duas escadarias, é sob uma acolhedora meia-luz que se distribuem mesas, sofás e cadeiras de linhas curvas desafiantes, onde se pode conversar e tomar algo (sugere-se uma visita ao wine bar) sem perder pitada.
- Nome
- Ministerium Club
- Local
- Lisboa, Lisboa, Ala Nascente 72 (Terreiro do Paço)
- Telefone
- 218888454
- Horarios
- Sábado das 00:00 às 06:00
- Website
- http://www.facebook.com/MinisteriumClub
