Fugas - restaurantes e bares

  • João Cordeiro
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Nesta taberna serve-se saudade (da boa)

Por Vânia Marinho ,

Chama-se Saudade e aqui moram petiscos, vinhos e cervejas artesanais. Nesta nova casa alfacinha, não falta o ambiente de convívio das tabernas de antigamente nem o fado.

“Saudade é sentirmos falta de algo”, claro, mas que, na verdade, até pode ser uma boa saudade, um sentimento “bom de se sentir” porque “significa que vivemos coisas boas”. É esta a filosofia da saudade que Diogo Vital aplica na sua casa.

A Saudade, que mora a dois passos do Museu de Arte Antiga, procura “retratar uma taberna típica da cidade de Lisboa do século XX”, explica Diogo, responsável pelo espaço juntamente com a sua mulher, Laura Ferreira. E o que nunca vai faltar, garantem, é bons petiscos - da morcela às moelas ou tiras de bacalhau - e “boa pinga”.

Assim que entrámos, ouve-se o óleo a crepitar. Maria, a responsável pelos petiscos, está a fritar as cascas de batata que acompanham o pica-pau. O ambiente é acolhedor. Um imponente balcão de madeira e de tampo em pedra, algumas mesas quadradas dos mesmos materiais e bancos de madeira. Um casal junto ao vidro vai conversando e petiscando entre copos de vinho. As mesas junto à porta têm vista para a rua e é aqui que ficámos à conversa. 

A Saudade versão taberna segue, explica-nos Diogo, o “estilo vincado” e as “características próprias destas casas”. Para que a criação fosse o “mais fiel possível” utilizaram materiais “típicos das tabernas” e bem “portugueses”. Quando encontraram o espaço, no ano passado, era apenas mais um imóvel, sem vida e em mau estado, que estava fechado desde 1994.

Nunca terá sido uma taberna mas, agora, após muito trabalho de renovação, é admirar a pedra de lioz da zona de Pêro Pinheiro - que “existia em quase todas as tabernas” - ou os padrões do mosaico hidráulico, entre outros detalhes que os próprios trouxeram que remetem para a vida de outros tempos, para a cultura portuguesa e para a canção nacional.  

Os olhos passeiam pelo incontornável galo de Barcelos, por um bengaleiro antigo ou pela vitrine de exposição que era a parte de cima de um louceiro, por uma pequena pipa à entrada ou pelos garrafões de vinho decorativos, as andorinhas Bordallo Pinheiro ou as fotografias de grandes fadistas de outros tempos (que foram cedidas pelo Museu do Fado).

Não falta, a condizer, uma viola e uma guitarra portuguesa penduradas na parede sobre um xaile negro com flores bordadas - que, como se apressa a explicar Diogo, não servem só para decorar, “estão sempre afinadas e disponíveis para serem tocadas pelos clientes mais talentosos”. No tecto, um candeeiro que, como nos conta, é novo mas “faz lembrar uma bilha antiga”. E, aqui, garantem, “todo o mobiliário e decoração são de fabrico artesanal e nacional.”  

Os segredos dos taberneiros

Aberta desde Novembro, a casa quer agora desenvolver uma programação que a transforme, de facto, num espaço "de cultura e de tertúlia”: já têm noites de fado às terças, querem mais poesia e estão abertos a sugestões. Tudo para dar vida aos dias e noites deste espaço, onde os taberneiros podem ser novos mas fazem finca-pé na essência histórica destas casas. “Os tempos são diferentes mas o espírito mantém-se, adaptado à sociedade actual e às leis”, diz Diogo.  

Nome
Taberna Saudade
Local
Lisboa, Prazeres, Rua Presidente Arriaga, 69
Telefone
213950730
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 11:00 às 23:00
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 11:00 às 01:00
Website
http://www.tabernasaudade.pt/
Cozinha
Portuguesa
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