Fugas - restaurantes e bares

  • Oxana Ianin
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Um “Antrios” de bem comer e beber

 

No ponto de sal

Na mesa já temos “pão, azeitonas e paté” (2,25 euros). No caso da pasta (de atum) para barrar não há grande história, ao contrário do pão de boa qualidade e da “veracidade” das azeitonas, que, apesar de não serem oxidadas, tinham um sabor discreto. A título de intróito, vieram uns “ovos com cogumelos” (4 euros) numa dose avantajada que se trocava de bom grado por metade da porção se os cogumelos fossem frescos em vez dos “des(en)graçados” de lata. No prato de “enchidos mistos” (4 euros), vinham chouriço, farinheira e morcela, todos de boa qualidade, e um molhinho de grelos que fazia o necessário contraponto ligeiramente acre face às variações de sabor das carnes. Petiscou-se ainda um pouco de “chanfana de vitela” (6 euros), cuja designação inusitada não se justifica só pelo facto de ser cozinhada lentamente numa marinada à base de vinho tinto. O que fica é o rigor da confecção, com a carne a desfiar quanto baste numa textura excelente, e o apuro do delicioso molho. 

Outra preparação de tacho muito bem conseguida foi o “coelho à caçador” (6 euros), com a carne a embeber o aromático caldo da confecção, mas sem deixar desvanecer o seu sabor característico. A “carne de porco à saloia” (6 euros) vinha cortada aos cubos, temperada com massa de pimentão e frita em azeite com um pouco de vinho branco, mas a ficar húmida no interior e sem excessos de gordura. 

Noutra refeição, o ponto de partida foi dado pela “sopa de feijão e lombardo” (1,50 euros), com a leguminosa a ser de demolha a partir de seca (o que faz logo a diferença), e a couve a ser cozinhada com critério a ponto de se poder trincar e sentir a frescura dos talos. Um início reconfortante que quase valeu a viagem, e me fez viajar as memórias gustativas de uma sopa da avó. Chegou depois o “peixe-espada frito com arroz de tomate” (6 euros), em três postas gordas, fresquíssimas e fritas na perfeição a manterem os sucos interiores. O arroz sabia a comidinha de casa, apresentando-se sequinho na medida certa e com umas tirinhas de pimento para alegrar, mas sem ofuscar o tomate. Na “cabidela de galinha” (6 euros) fugiu a mão para o vinagre, o que deixou o arroz carolino de bago longo um pouco líquido e desequilibrado em relação ao sangue. Em contrapartida, a ave do campo estava saborosa e com a rigidez que lhe é característica. 

Nos doces, a tónica dos preços módicos mantém-se em execuções correctas como o “arroz doce” (1, 75 euros), de sabor agradável embora discreto, um pouco líquido, e a trazer canela em excesso. A “mousse de chocolate” (1,75 euros) ganhou em densidade e textura quando ficou menos gelada do que a temperatura a que foi servida. Um perfil caseiro tinha o “pudim de ovos” (1,75 euros) de onde foi servida numa vistosa fatia de consistência ligeiramente enqueijada. O destaque maior foi para os “manjoeiros” (0,60 euros), umas gulosas queijadas de leite, húmidas e com um toque alimonado, que vêm a acompanhar o café, e muito bem.

Relevo também para a simpatia e disponibilidade do serviço, que decorreu num registo quase familiar. Uma característica que sobressai na forma de cozinhar de Áurea Pintor é a parcimónia no uso do sal. Um dado importante numa casa com tantas “guloseimas” vínicas em que a tentação de forçar a tecla salina podia ser grande. O sabor apurado das confecções foi dado pelo tempero geral e não pelo abuso do sal, uma espécie de dom que deixaria qualquer cardiologista a ajeitar o laçarote de satisfação. 

Nome
Solar dos Pintor
Local
Loures, Santo Antão do Tojal, Rua José Dias Coelho, 1
Telefone
219490011
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira e Sexta-feira das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 22:00
e Sábado das 12:00 às 15:00
Website
https://www.facebook.com/solar.dospintor
Preço
15€
Cozinha
Trad. Portuguesa
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