Menu prudente e inteligente
A actual carta do Alma de Henrique Sá Pessoa parece-me prudente no tamanho e inteligente nas propostas. Abre com dois menus degustação, um com o nome do chefe (um "amuse bouche", uma entrada, um prato de peixe, um prato de carne, um sorvete e uma sobremesa), 39 euros sem bebidas e 50 euros com vinhos; e o outro, que leva o nome do restaurante, com um "amuse bouche", uma entrada (de três) e um prato principal (de dois) e uma sobremesa (de duas), 29 euros ou 36 euros, caso inclua vinhos. Optámos pelo serviço à lista, a qual inclui 7 entradas (preços entre os 7 e os 12 euros), 8 pratos principais (preços entre os 16 e os 22 euros) e 6 sobremesas (preços entre os 5 e os 6,50 euros). Na mesa, um couvert (2,50 euros), que está bem: azeite Azal, untuoso e equilibrado, "focaccia" de manjericão, fresca e fofa, telhas estaladiças com sementes pretas de sésamo e pão de Mafra bem cozido.
Provaram-se três entradas, todas recomendáveis: "estaladiço de queijo de cabra com cebola roxa agridoce, redução de xerez e salada de pêra" (10 euros), em que se destacam os embrulhinhos de massa "brik" recheados com um belo queijo caprino; "camarão e lulinha salteados em chilli e alho com compota de tomate cereja, salada de rúcula e Parmesão" (12 euros), composição rica e variada, com os elementos marítimos em preciso ponto de cocção e a malagueta e o alho em versão civilizada, nada invasiva; e o "filete de cavala marinado com tártaro de tomate e escabeche de legumes" (9 euros), excelente criação, em que o protagonismo é dado a um peixe azul, a cavala, muito saboroso se fresco, que anda por aí muito desvalorizado.
Os três pratos foram estes: já quase um clássico de Sá Pessoa, o "lombo de bacalhau com puré de grão e seu vinagrete, tempura de anchova e tomate seco" (19 euros), cuja contundência é atenuada pelo facto de o bacalhau ser do fresco, mas que, imagino, é submetido a uma salmoura seca, que lhe dá sabor, firmeza e textura, transformando um peixe desenxabido em algo saboroso, sendo esta condição ajudada ainda pelo bom achado que é a tempura de anchova (filetinhos envolvidos em polme e bem fritos); excelente, pela qualidade, frescura do peixe e impecável ponto de cozedura, o "filete de pregado com brandade líquida de bacalhau, tomate cereja confit e crocante de alho francês" (21 euros); e, finalmente, um prato de carne, o ""entrecôte" com legumes assados, caviar de beringela, salada de agrião e jus de poejos e azeitonas" (22 euros), carne de qualidade e corte sem mácula, suculenta, bem temperada e servida em boa companhia.
As sobremesas, muito cuidadas, doces e frescas, foram um "creme brûllé de erva príncipe e framboesas com telha de coco" (5 euros), "tarte de ananás e especiarias com gelado de cardamomo"(6 euros) e ""parfait" de chocolate e banana com manteiga de amendoim e gelado de baunilha". Bebeu-se um copo do branco Contraste de 2008, fresco e mineral, de Rita Marques, que recentemente apresentou, no 100 Maneiras, os seus novos vinhos. Além do Contraste, o Conceito branco 2008, os tintos Contraste e Conceito 2007, o Conceito Bastardo 2008 e o Conceito Porto vintage 2007, todos muito bem e muito bons. E uma garrafa de um novo Douro branco de 2007, o Águia Moura, recatado de aromas, muito fresco e equilibrado, um bom companheiro para a comida. A carta de vinhos, não muito extensa, está bem. Como bem, muito bem, está o serviço de mesa que, para lá de simpático, é competente e faz sugestões de harmonizações de comidas e vinhos bem fundamentadas.
- Nome
- Restaurante Alma - Henrique Sá Pessoa
- Local
- Lisboa, Lisboa, Calçada Marquês de Abrantes, 92 (Santos-o-Velho)
- Telefone
- 213963527
- Horarios
- Terça a Sábado das 19:30 às 01:00
- Website
- http://alma.co.pt
- Preço
- 40€
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Não