A carreira de Sá Pessoa, a exemplo do que se passa com outros chefes de cozinha que ainda não têm 30 anos ou não chegaram aos 40, foi fulgurante. No final do século passado, após quatro anos em escolas especializadas na Pennsylvania (EUA), Henrique Sá Pessoa, cozinhou dois anos no Sheraton Park Lane, em Londres, e outros tantos no Sheraton on the Park, em Sidney, Austrália, neste caso já como cozinheiro de 1ª. Regressado a Portugal em 2002, cozinhou, sucessivamente, no Hotel da Lapa, em Lisboa, iniciando, em Fevereiro de 2003, a sua carreira de chefe de cozinha no restaurante Xarope, em Cascais. Seguiu-se o La Villa, no Estoril (Outubro 2003-Março 2005), vencendo, em Novembro de 2005, o concurso de Chefe Cozinheiro do Ano.
Entre Março de 2005 e Janeiro de 2007, foi responsável pelas cozinhas do Bairro Alto Hotel, em Lisboa, com destaque para o do restaurante gastronómico Flores. A partir do final de 2006, a notoriedade de Sá Pessoa cresceu muito com o início do programa "Entre Dois Pratos", na RTP2. Seguiu-se, no período de Janeiro de 2007 a Novembro de 2008, a chefia das cozinhas do Sheraton Hotel, de Lisboa, tendo tido oportunidade de se destacar à frente do restaurante Panorama. Em Março de 2008, a elitista Academia Portuguesa de Gastronomia atribuiu-lhe o prémio Arte de Cozinha. Em Fevereiro de 2009, fazendo boa cara à crise económica, iniciou, com Daniel Costa, seu subchefe há seis anos, o seu primeiro projecto próprio pessoal, este Alma, Henrique Sá Pessoa.
Se nos apetecer fazer trocadilhos fáceis, diremos que este restaurante tem uma alma branca ou quase, tecto rebaixado e paredes falsas com umas escotilhas que nos permitem espreitar os muros de pedra e argamassa, esses sim a verdadeira alma da sala, onde cabem bem sentadas 38 pessoas. É pequena a sala de jantar do restaurante? É. Mas, atendendo ao tipo de cozinha que faz Henrique Sá Pessoa, criativa e muito atenta aos pormenores, é o tamanho ideal. Tanto mais que, ao que me dizem, a casa tem estado sempre esgotada. Por isso, é muito imprudente ir lá sem marcação de mesa.
Já ouvi dizer sobre a cozinha que Henrique Sá Pessoa e outros actualmente fazem, numa tentativa para estancar a quebra de refeições que servem, que é mais modesta no custo e no paladar do que a que antes faziam. Em relação ao custo, aceito sem problemas: basta ver as contas. Quanto ao paladar, não estou nada de acordo. Penso, até, que muitos dos chefes de cozinha portugueses, que andavam por aí um tanto deslumbrados com a mediatização da sua profissão, estão a redescobrir o prazer de cozinhar e do contacto directo com os seus clientes. Estão também a voltar a trabalhar certos produtos, tidos como mais modestos, que são muito saborosos e apaladados e que são facilmente identificados pelos palatos portugueses. E as ementas, caso tenham menos propostas de "magret" de pato, de vieiras salteadas, de "foie gras", de lombinhos de porco preto ou de sucedâneos de caviar, não vão ficar menos interessantes. Pelo contrário, parece-me que se apresentarão menos monótonas e pretensiosas.
- Nome
- Restaurante Alma - Henrique Sá Pessoa
- Local
- Lisboa, Lisboa, Calçada Marquês de Abrantes, 92 (Santos-o-Velho)
- Telefone
- 213963527
- Horarios
- Terça a Sábado das 19:30 às 01:00
- Website
- http://alma.co.pt
- Preço
- 40€
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Não