Fugas - restaurantes e bares

  • Fernando Veludo/NFactos
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No castelo e com a arte apurada de dona Lina

Além das percebes, ricas, carnudas, acabadas de cozer e ainda a saber a mar, provou-se uma série de frituras, de confecção a tender para o exímio. Destaque para as sardinhas panadas (pequeninas, sem espinhas, secas e crocantes) e os rissóis de camarão (excelente refogado), mas sem desmerecer em nada a qualidade dos bolinhos de bacalhau, pataniscas do mesmo ou os croquetes de vitela. 

Do tacho, amêijoas à Bulhão Pato no ponto e um caldo gordo de camarão que é servido no interior e um pão que assim se vai transformando numa açorda. Guloso e delicado e despojado do aroma fresco que lhe poderia dar a conjugação com ervas aromáticas, tal como o coentro da praxe.

A mostrar a qualidade da grelha, dois linguados de média dimensão, saborosos e bem temperados, a exibir a alvura das sua carnes frescas e delicadas. Batata cozida e legumes salteados para acompanhar. Do calor do carvão também um valente robalo de anzol (cerca de 5kg), uma preciosidade da faina do dia que teve tratamento adequado apesar da generosa dimensão. Delicado e suculento, com o calor apenas a fazer sobressair toda a qualidade e frescura do bicharoco. 

Acompanhou com um extraordinário arroz caldoso de legumes que chegou à mesa no tacho e ainda a borbulhar. Feijão vermelho, couve coração e ervilhinhas de quebrar, o grão aberto, goma (do Carolino) a ligar tudo e perfeito na evidência de texturas, sabores e aromas da natureza. Excelência vegetariana, que só por si valia uma refeição. 

É certo que depende sempre dos legumes da época, mas da mão que isto faz não há-de sair coisa que faça grande diferença. Igualmente caldoso e no tacho o arroz de polvo que complementou tenros, fofos e crocantes os filetes do mesmo. 

Das sobremesas saboreou-se um leite-creme queimado, que bem justifica a longa fama que o precede, mas também uns especiosos bolinhos de cenoura que são capazes de arrebatar mesmo os mais renitentes à doçaria. Além de cenoura raspada, levam também umas lâminas de amêndoa e são fritos, ao estilo dos bilharacos ou natalícios bolinhos de jerimu. Há também tarte de laranja, bolo de amêndoa ou aletria de ovos, numa oferta mais que tentadora que se exibe num carrinho que circula pelas mesas para final de refeição.

“A Lina sugere”
A juntar ao evidente apuro e segurança no que respeita à cozinha de tacho, aí está também a doçaria a mostrar um estilo consistente de cozinha tradicional, aliado à oferta de peixes e mariscos frescos. A casa anuncia até a recusa de pescado de aquacultura, mesmo correndo o risco de uma oferta apenas com polvo nas temporadas em que o tempo impede a saída dos pesqueiros para o mar. 

Numa carta que propõe onze variedades de entradas (1,75€ /7,50€), mariscos e peixes (40/45€ o kg) segundo a safra diária, os bifes e fêveras da praxe, há ainda arroz de pato (por encomenda), cabidela de frango (19€/duas pessoas) ou cabrito assado no forno (25,50€, igualmente em dose dupla).

Importante, no entanto, é tudo aquilo que “A Lina sugere”, onde está a essência da oferta do Arquinho. Lina (Francelina) e António formam o casal de proprietários e, como está bom de ver, é por ela que passa boa parte do sucesso e estilo da casa. Além da competência nos fogões, exibe uma simpatia contagiante e uma rara atenção ao que se passa na sala. Conversa, explica e procura conhecer as reacções da clientela, e até adianta que estão agora abertos todos os dias, “em regime de pulseira electrónica”, por força do aumento do IVA. Uma atitude que tem tanto de louvável como de pouco comum nestes restaurantes de pendor popular.

Nome
Arquinho do Castelo
Local
Matosinhos, Leça da Palmeira, Rua do Castelo, 51
Telefone
229951506
Horarios
Todos os dias das 12:00 às 23:00
Website
https://www.facebook.com/arquinhodo.castelo
Preço
25€
Cozinha
Peixe e Marisco
Observações
Espaço para fumadores
Sim
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