Fugas - restaurantes e bares

  • Mô Petiscaria e a chefe Raquel Vaz
    Mô Petiscaria e a chefe Raquel Vaz
  • Mô Petiscaria
    Mô Petiscaria Nuno Ferreira Santos
  • Mô Petiscaria
    Mô Petiscaria Nuno Ferreira Santos
  • Mô Petiscaria
    Mô Petiscaria Nuno Ferreira Santos
  • Mô Petiscaria e a chefe Raquel Vaz
    Mô Petiscaria e a chefe Raquel Vaz Nuno Ferreira Santos

Um recant' algarvi' em Lisboa, mô!

Por Mara Gonçalves ,

Muxama, estupeta, risotto de lingueirão, lambujinhas... Licor de alfarroba ou gin de pimentos e coentros... A Mô Petiscaria propõe a Lisboa sabores algarvios.

“Mô”: significa moço, rapaz, meu ou pá e é um dos regionalismos mais utilizados no Algarve. O “nome ideal”, por isso, para o que Raquel Vaz queria criar nesta esquina da Madragoa: uma petiscaria algarvia, descontraída e moderna, mas sempre castiça. Caso para perguntar: “E o que é que se come aqui, mô?” Há licores feitos com os produtos da região, cocktails inspirados nos aromas do Sul, sobremesas típicas e, claro, muitas iguarias tradicionais com sabor a mar e a serra. “O Algarve é um mundo e as pessoas desconhecem”, defende.

Natural de Vila Real de Santo António, Raquel Vaz não se via a abrir outro negócio que não fosse uma casa de petiscos algarvios. Afinal, foi lá que nasceu a paixão pela cozinha. “A minha mãe sempre teve restaurantes e desde pequena que queria entrar na cozinha e não me deixavam, acho que foi daí que ficou a obsessão”, conta. No entanto, o percurso desta algarvia de 29 anos até começaria na arquitectura, paixão inspirada pelo pai, construtor civil. Rumou para Lisboa, tirou o curso, estagiou e quando ficou desempregada viu então a oportunidade de fazer o curso de cozinha profissional. A 20 de Agosto abriu o Mô. Pelo Algarve, "uns dizem «mó», outros dizem «mô»; na minha zona até se diz «mó», mas achei que se poderia confundir com a de moer", confessa Raquel.

O sotaque, entretanto perdido em dez anos de Lisboa, é agora recuperado desta forma na petiscaria. Até em dizeres humorísticos nas redes sociais, no próprio balcão de ardósia (“Mas à d’onde andavas, mô?”) ou nos quadros vintage que enfeitam as paredes, escrevinhados e desenhados por cima: neste as ceifeiras passaram a vestir peles de zebra e leopardo, naquele uma camponesa queixa-se que a vida “é uma massada... é pena que não seja de pêxe”. Já na casa de banho é revelado o significado de «mô», com um exemplo de aplicação imediata: “Ó mô, despacha-te daí qu’é ‘tô aflite!”.

A decoração do espaço, pequeno mas acolhedor, da Rua das Madres vai depois sendo pontuada com pequenos pormenores: os candeeiros de cortiça e design contemporâneo vieram de Loulé, os bancos foram pintados com as cores dos barcos de pesca e um pouco por todo o lado há “recordações do Algarve” — chávenas, taças, candeeiros, paliteiros, postais com trajes regionais, chaminés, amendoeiras e carroças. “São relíquias muito antigas, de quando a minha mãe tinha um artesanato e que estavam guardadas lá na garagem”, conta Raquel. O tradicional e o moderno vão-se unindo de forma despretensiosa pela casa, onde as cores neutras dominam.

“Queria uma coisa mais clean, só com uns toquezinhos regionais, [até porque] o espaço é muito importante, mas eu queria dar mesmo destaque era à comida”, explica Raquel. E aqui sobressaem os petiscos algarvios, apesar de existirem também outros pratos mais próximos do paladar lisboeta, como punhetas de bacalhau ou frangalho. “Acho que temos de nos adaptar à envolvência, então diria que 70% é algarvio”, defende.

A ementa fixa é feita de montados e petiscos, onde já se sentem alguns sabores típicos da região, como a muxama de atum com laranja, o montado de sardinhada com pimentos e pesto de coentros ou a assadura à Monchique. Mas é nos pratos do dia que a gastronomia do Sul surge em todo o seu esplendor. A estupeta de atum tem tido um lugar cativo no quadro branco onde são anunciados diariamente — “Quero que as pessoas a conheçam, então fica ali todos os dias”, ri-se. De quinta a sábado há sempre risotto de lingueirão — um toque contemporâneo ao típico arroz, que se quer tornar especialidade da casa. Depois as restantes iguarias vão alternando: há arroz, feijoada ou açorda de marisco, bife de atum à algarvia, lambujinhas, amêijoas, berbigão.

Nome
Mô Petiscaria
Local
Lisboa, Santos-o-Velho, Rua das Madres, 2
Telefone
213900420
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 18:00 às 00:00
Website
https://www.facebook.com/pages/M%C3%94-Petiscaria/804583196232516
--%>