Já teve várias vidas, este número 60 da Praça de Guilherme Gomes Fernandes, no Porto. Foi pronto-a-vestir e pub na última incarnação – e foi nesta roupagem que despertou o interesse de Pedro Lemos, chef do restaurante homónimo na Foz Velha (e com o qual conquistou agora uma estrela Michelin).
Pedro Lemos e Joana Espinheira, casados na vida real, parceiros nesta nova aventura na área da restauração, tinham “finalmente encontrado” o espaço que pretendiam. Ainda por cima numa localização que tinha tudo a ver com as ideias que andavam a cozinhar. “No século XIX, era nesta praça que tinha lugar a Feira do Pão, onde se juntavam os padeiros de toda a cidade para vender os seus produtos”, explica Joana.
Pedro e Joana já sabiam que o pão (nosso de cada dia) seria a estrela do Stash e não hesitaram quando encontraram aquela loja vazia. “Era aqui. Num sítio do Porto que está sempre a mexer e que para além disso já estava praticamente montado. Tinha uma cozinha pequena, que era o que queríamos, uma decoração que nos agradava. Não valia a pena procurar mais”, explica Pedro Lemos.
“Em duas semanas”, revela o chef, apurou-se o conceito e o sabor do Stash (esconderijo em inglês). Pedro e Joana sabiam o que queriam: um espaço “despretensioso, informal”, que permitisse ao chef “estar com a alma no projecto”, mas que não comprometesse o trabalho que desenvolve no restaurante da Foz Velha. “Pensámos numa coisa que não estivesse dependente de mim, mas que eu pudesse controlar com facilidade”, adianta. Junte-se a isso o facto de o espaço encontrado “não precisar de obras” e o gosto pessoal de ambos “por uma boa sande” e chega-se ao Stash (aberto a 19 de Novembro).
Quem do meio-dia à meia-noite cruzar aquela porta verde, terá a sensação de aterrar algures nos anos 1970. Pedro e Joana fizeram questão de manter a casa praticamente como estava. Ficaram as mesas e os bancos corridos, a alcatifa verde no chão, as gravuras do Porto nas paredes, os candeeiros retro que pendem do tecto. “Achámos que estava aqui o ambiente perfeito para a nossa tasca”, reforça Pedro Lemos. Tudo o que montaram, sem grandes artifícios, foi em torno dessa ideia de tasca. “A Joana será a taberneira de serviço. Para nós o fundamental é que os clientes cheguem cá e identifiquem um dono e criem com ele afecto. Este é um projecto nosso, mas o Stash é definitivamente o lugar da Joana”, diz o chef.
Uma tasca, portanto – mas com um “twist” dos tempos que correm. Por exemplo, Pedro Lemos e Joana Espinheira quiseram resgatar a tradição “dos vinhos frisantes que se serviam nas antigas tabernas”, mas não arriscaram esse caminho. “Eu cá não gosto de beber Sumol com álcool”, brinca o chef.
A solução foi, então, optar pelos espumantes para preferencialmente acompanharem as cinco sandes que, para já, estão disponíveis no menu. Há dois espumantes de serviço (branco e rosé), mais dois vinhos, um branco e um tinto, todos da bairradina Quinta das Bágeiras, do “vigneron” Mário Sérgio, e vendem-se a partir de 2€ por copo. “As nossas sandes são gulosas de mais para serem acompanhadas por refrigerantes, daí que aconselhemos os espumantes”, justifica Pedro Lemos.
As sandes, agora. São cinco, já se disse, e cada uma delas não tem mais do que “dois ou três ingredientes”. “A ideia é que as sandes saibam ao que são, que não sejam uma mistura de muitos sabores que depois não se destacam”, explica Pedro Lemos. Uma das propostas é a vegetariana, que leva manga, abacate e caril e é servida em pão de forma.
Outra é muito provavelmente a favorita do chef: a de sapateira. Também é servida em pão de forma e é basicamente isto: uma torrada barrada com o recheio de sapateira que nos habituámos a comer nas cervejarias e marisqueiras e coroada com um caranguejo. Seguem-se a sande de atum dos Açores com guacamole, esta servida num pão de centeio; o hambúrguer Stash, servido com queijo Roquefort; e finalmente a sande de barriga de porco assada no forno durante 12 horas, que pode acompanhar com molho de rábano picante. Todos os pães – e estão disponíveis três tipos, de forma, de centeio e o de hambúrguer – são produzidos artesanalmente e sem qualquer adição de produtos químicos.
O menu fecha-se, para já, com batatas fritas com alecrim para ir petiscando, de preferência na companhia do ketchup e da maionese caseiros, receitas de Joana Espinheira. A carta deverá sofrer alterações consoante os produtos da estação. “Isto será sempre um processo evolutivo”, diz Pedro Lemos, que em breve vai lançar uma sande de frango e desenvolver uma sobremesa para o Stash (não disponível por enquanto, em virtude das limitações da cozinha).
As sandes, que chegam à mesa em simples pratos de esmalte branco, têm preços entre os 3,50€ e os 8€ e os clientes podem pedir meia, para que consigam provar mais do que uma na mesma ocasião. No final, Pedro e Joana não querem que a conta seja pesada. “Este é, como já dissemos, um espaço informal. E ninguém vai a uma tasca para lá gastar um dinheirão. Tentámos ter preços equilibrados, para que as pessoas possam cá vir e gastar 10 euros, por exemplo. Se quiserem gastar mais, claro que agradecemos, até porque, dada a qualidade dos produtos que servimos, precisamos de rentabilizar. Mas queremos, acima de tudo, que as pessoas cá venham e que não seja a questão do preço a afastá-las. Fazia falta mais uma taberna ao Porto e é isso que queremos oferecer”, remata Pedro Lemos.
- Nome
- Stash - The Sandwich Room
- Local
- Porto, Vitória, Praça de Guilherme Gomes Fernandes, 60
- Telefone
- 914567616
- Horarios
- Terça a Sábado das 12:00 às 00:00
e Domingo das 14:00 às 18:00
- Website
- https://www.facebook.com/pages/Stash-The-Sandwich-Room/758917090848089?fref=ts