Todo o Armazém é assim, cru, descarnado, cheio de arcadas de pedra, rusticamente vintage na decoração (tudo está à venda — são peças da loja R&B, de Raquel e Batata, que também se transferiu para aqui), onde não faltam objectos de antanho a que se pretendem dar novos usos.
Ficamos por enquanto no bar: o balcão é novo mas feito com madeira antiga, para condizer com os móveis no interior, originais, vindos de uma antiga mercearia e agora cheios de vinhos (Sogrape, apenas), que se combinam com petiscos que vão de sopas a wraps, enchidos, queijos, conservas, bruschettas, empadas e se completam com o bolo do dia (hoje parte de chocolate).
As mesas compridas de madeira, ao estilo piquenique, a puxar ao convívio mesmo entre desconhecidos, estão logo diante, e do outro lado da lareira é uma sala de estar que se estende, com sofás castanhos, retro, que se alinham em torno de uma enorme mesa baixa, redonda, carregada de revistas, tudo sobre grandes tapetões gastos, que cobrem o solo de cimento.
Um pouco afastado está uma “conversadeira” vermelha, sobre tapete da mesma cor — e mais uma vez parece uma instalação. Mas não o é — como tão-pouco é uma peça de exposição a mesa feita sobre carris antigos de minas instalada na área contígua, já na órbita da galeria Arte Provisória (durante este mês recebe a exposição colectiva Espaços): quando há grandes eventos aqui (e essa é uma das vocações do Armazém) pode servir, por exemplo, para mesa de buffet.
Se o bar-restaurante é uma âncora, o Armazém não se resume a este. Há lojas já instaladas, outras que ainda virão. O único requisito é serem lojas de autor, como a Mexxca, de roupa, a SF - Sofia Ferreira, jóias, e a R&B, o antiquário dos mentores do projecto, que, já vimos, salta do espaço que tem reservado e espalha-se por todo o armazém com os seus móveis e outros objectos vintage (veja-se o índio esculpido que é sentinela à beira da lareira ou a scooter que não está longe), roupas e livros (novos e usados), vinis e até um gira-discos com auscultadores onde os clientes podem ouvir o disco antes de o comprar.
O objectivo de tudo é, diz Raquel, que as pessoas consigam passar um bom bocado aqui, onde ao fim-de-semana não falta animação, de workshops a concertos, passando, por exemplo, por feira de velharias e vintage, como a que aconteceu no fim-de-semana passado. É, aliás, o local ideal para tal, uma vez que, mesmo em dias “normais”, sem muito esforço de imaginação, às vezes parece que estamos num daqueles sótãos cheios de memórias e “tesouros” para vários gostos. Apenas não é um sótão, é um Armazém. Que é também uma espécie de ovni.
- Nome
- Armazém
- Local
- Porto, Miragaia, Rua de Miragaia, 93
- Telefone
- 222011702