Existe um pequeníssimo elevador e as escadas para chegar ao 3.º andar do palacete da Rua de São Pedro de Alcântara, em Lisboa, mesmo à frente do miradouro, lembram as das casas das avós, aquelas com a carpete a proteger os degraus e uns pauzinhos que seguram o grosso tecido para não tropeçarmos.
Ao chegarmos ao restaurante The Insólito, uma ou outra peça de decoração remete-nos para o tempo em que éramos pequenos e brincávamos num sótão cheio de velharias, aquelas de que as avós não se queriam desfazer porque podiam ser aproveitadas para uma outra casa, quem sabe. Os lustres que iluminam por detrás do balcão, as cadeiras de madeira desconjuntadas, os quadros com as imagens sem brilho, os bibelots.
Mas é a vista que nos prende. A vista pela qual os turistas sobem àquele 3.º andar para beber um cocktail ou fazer uma refeição.
Rosa, com um auricular no ouvido, articula as subidas até ao restaurante com a colega que se encontra no rés-do-chão. Ela despede-se em francês e em inglês dos turistas e, de imediato, dá-nos as boas vindas em português, encaminhando-nos para a mesa. Entrega-nos não uma, mas três cartas – cocktails, vinhos e pratos.
Há uma frase, no início da ementa que é uma promessa: “Uma viagem a um destino enigmático, mas inexplicavelmente íntimo em que cada chegada nos conduz a memórias familiares ainda que inesperadamente únicas.”
Esse é o desafio que o chef Nuno Bandeira de Lima aceitou, numa colaboração com a consultora gastronómica Joana Moura, para elaborar uma carta que sofreu algumas alterações mas que na sua génese tem a originalidade dos nomes dos pratos (bem como dos próprios pratos). Assim, um “ceviche”, chama-se “sir viche” (9,5 euros), um “carpaccio de pato” intitula-se “carpato” (12 euros) e uma “mousse” com amendoins de wasabi e salame de chocolate é uma “miss chocolate” (6 euros).
O jantar começa ao final do dia, quando ainda há luz natural, vê-se o Tejo de frente, o castelo de São Jorge e a igreja da Graça de lado.
A sugestão de Rosa é que comecemos com um cocktail. A aposta nesta área tem sido grande e as sugestões na carta são muitas e criativas, existem alguns que são de assinatura, sublinha. É um desses que escolhemos, o “Smoke me” (10 euros): bourbon, xarope de maçã verde, lima e tomilho fumado. O copo chega à mesa de cabeça para baixo e cheio de fumo, o empregado do bar faz o seu número, levanta o copo e deixa o fumo escapar, deixando o cheiro a tomilho no ar, depois serve-o com o preparado que vinha numa pequena garrafa.
A proposta é que bebamos um cocktail com as entradas. Por exemplo: ostras com um gin, spirulina, salicórnia e lima (4,5 euros); ou ostras com um Bloody Mary (que se chama “Maria vai com as ostras” e custa 11 euros). Também há ostras com gelado de ostras da Santini.
Aliás, o Insólito numa colaboração com a Santini criou um menu de degustação com sete pratos (55 euros) que pode ser acompanhado por quatro vinhos (20 euros).
À mesa chegam mais entradas: filete de sardinha na brasa com orégãos frescos, pão de passas, gelatina de tamarilho e agrião (9 euros) - uma delícia; e pastéis de polvo com coulis de pimentos (7 euros). Faltou provar o “java li”, uma empada de javali e especiarias (12 euros), que dizem ser uma especialidade e que o chef confessa ser o seu “prato de eleição”.
- Nome
- The Insólito
- Local
- Lisboa, Mercês, Rua de São Pedro de Alcântara, 83
- Telefone
- 211303306
- Horarios
- Terça-feira e Quarta-feira das 18:00 às 00:00
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 18:00 às 01:00
- Website
- http://theinsolito.pt
- Preço
- 45€
- Cozinha
- Fusão