Fugas - restaurantes e bares

  • Paulo Pimenta
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Bocados de prazer e felicidade

Petiscaram-se depois uns envolventes pimentos vermelhos recheados com chouriço e atum e um molho espesso de queijo e ovos, a pedir um vinho de maior volume e corpo. Saltou o Alvarinho Alvaianas de 2014, que mostra já algumas virtudes de evolução e está perfeito para consumo. 

A tal elaborada simplicidade numas ovas de bacalhau, fritas e envoltas em ovo com aparência de pataniscas. Uma delícia na envolvência com aveludada açorda, igualmente com ovas de bacalhau. 

O fim de tarde, os aromas de campo, a brisa fresca, os vinhos e a broa de milho (excelente) suscitaram conversas à volta de arrozes caldosos. Atentos, os anfitriões soltaram então um tacho com arroz de polvo. Copioso! Envolvência, aroma, sabor e uma adorável frescura de boca feita só de tomate, pimento e coentro, que se devorou até ao exagero. 

Se o polvo pede tinto e, como sentenciou um dos comensais, “em terra de lobos uiva com eles”, era obrigatório provar um Vinhão. Boa surpresa com o Paço Velho (ver critíca de vinhos), cujo vigor tânico, fruta e acidez acabaram por dar evidência à excelência do arroz. 

Para sobremesa, não podia faltar o pudim Abade de Priscos, numa versão mais contida, com apenas (!) 14 ovos, elegância, textura e sabor de mãos de fada.

Maria Palmira e José António dizem, no sítio da Internet, que o restaurante concretiza o desejo de ambos de “ter um pequeno restaurante assente no conceito de degustação de pequenos pratos com variados sabores”. Abriram há quase 20 anos e começou por funcionar como bar de tapas e restaurante e evoluiu depois para a lógica de restaurante bistrô. 

E bem se percebe que a clientela não se contentasse com as pequenas degustações. A par da cozinha com memória, sabores, conhecimento e modernidade, apetece ficar e tudo acaba por ser um conjunto de agradáveis surpresas. Não só pela sequência do menu, mas também pelo ambiente sossegado e acolhedor. 

Porque o casal tem que contar com as visitas e não há lugar para mais que vinte pessoas, há que telefonar com umas horas de antecedência. José António trata do serviço, Palmira da cozinha. É todo o pessoal.

À competência, gosto, dedicação e conhecimento, juntam uma desarmante e ternurenta modéstia. Mais que o negócio, percebe-se que há ali puro prazer gastronómico, gosto em receber e dar prazer e satisfação. Só temos que agradecer!

Nome
Restaurante Bocados
Local
Ponte de Lima, Arca, Rua de S. Mamede de Arca, 89
Telefone
258 942 501
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado
Website
www.restaurantebocados.pt
Cozinha
Trad. Portuguesa
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