Pode parecer uma união profana, mas só à primeira vista. Quando o Ateneu Comercial do Porto decidiu dinamizar o espaço, um grupo de quatro amigos entendeu que a oportunidade era irrecusável. O facto de todos terem ligações ao râguebi terá ajudado: “Partilhamos muitos dos valores”, diz Bernardo Vasquez, um dos quatro sócios. Afinal, sabe-se que o râguebi é um jogo de brutos jogado por cavalheiros, certo? Assim, na antiga sala de bilhares do Ateneu nasceu o Clube Porto Rugby — e parece um clube de cavalheiros com um twist muito contemporâneo.
Primeiro, desfaçamos a questão dos cavalheiros: as damas também são bem-vindas. Aliás, lê-se em várias versões espalhadas pelo espaço, são normalmente elas que mandam. Depois, o clube será mais como um pub britânico, com a vantagem de estar num espaço com uma patine muito especial que lhe empresta uma certa aura de grandeza passada. Para terminar, o râguebi é o pretexto para tudo, sem que os desportos se confinem a ele.
E, então, é assim: eles e elas num pub acolhedor, onde o desporto é rei que dita as suas regras em seis televisores e numa tela que baixa quando o jogo é “grande” (e é eloquente na decoração), onde a música tem espaço (XL ao fim-de-semana), onde se joga bilhar (o que é quase uma raridade por estes dias no Porto) e onde se fazem refeições, como em qualquer pub que se preze, com carne alentejana DOP (isto já não em qualquer pub). Isto sem esquecer, claro, a cerveja, abundante, em muitas versões, incluindo cinco à pressão e a Guinness original, ou seja, de oito graus e não os quatro normalmente reservados à exportação. Ou seja, o Clube Porto Rugby é um pub onde, e como diz o slogan mais ou menos formal, “se joga a terceira parte”, portanto, e aqui estamos em território do rugby, o desporto onde a “terceira parte” é o pós-jogo: despem-se os equipamentos e as rivalidades e a equipa anfitriã promove a confraternização em torno de uma mesa farta de comida e bebida.
Pois é isso que se quer no Porto Clube Rugby, goste-se ou não de râguebi, goste-se ou não de desportos — até porque este é um espaço versátil: “À tarde pode ser uma coisa e à noite ter uma banda rock a tocar”, explica Bernardo — e ao fim-de-semana tem sempre DJ. Não se tema a porta fechada durante a semana (há uma campainha) e ao fim-de-semana haverá porteiro: inevitável será o pagamento de um euro para entrar e, desta forma, tornar-se “amigo” do Ateneu durante 24 horas. Uma forma de se respeitarem as regras do clube privado que o Ateneu continua a ser, mesmo querendo abrir-se mais à comunidade.
Se vale a pena? Vejamos, temos três espaços distintos, amplos como se vêem poucos e com uma arquitectura que impressiona apesar de estarmos na cave do Ateneu, a antiga sala de bilhar — e como tal, imagine-se uma sala de bilhar de um clube privado, refeita na década de 1920. Há colunas a imitar mármore nas arcadas que ligam as salas, há lambris de madeira ricamente trabalhados, há móveis incrustados que serviam para todo o ritual do jogo: desde os suportes dos tacos ao marcador de pontos, e foram encontrados novos usos para objectos obsoletos — agora que os jogadores de bilhar já não necessitam de lavatórios na sala, foram transferidos para a zona das casas de banho (teve de acrescentar-se uma para mulheres) e mantêm a taça, dourado gasto, que era para o pó dos tacos.
- Nome
- Clube Porto Rugby
- Local
- Porto, Sé, Cave do Ateneu Comercial do Porto - Beco de Passos Manuel
- Telefone
- 912 080 150
- Horarios
- Domingo, Terça-feira e Quarta-feira das 17:00 às 00:00
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 17:00 às 02:00
- Website
- www.facebook.com/clubeportorugby