No capítulo das carnes, o magret de pato com molho de mel e laranja (€15,50) deu prova do nível culinário da casa, e o mesmo se diga do tornedó com gratinado e legumes (€14), de elaboração bem mais singela mas igualmente competente.
Nos que aos vinhos respeita, a primeira parte acompanhou com o branco Esporão Reserva, tendo-se optado depois pelo Douro tinto Quanta Terra, dois valores mais do que seguros. Sem a extensa lista de preciosidades que muitas vezes se exibe noutros locais, a carta denota um louvável esforço de equilíbrio preço/qualidade, que é de registar. Parece estar, no entanto, um pouco desactualizada e a precisar de arrumação, já que há muitos vinhos que dela não constam e se vêem na garrafeira que cobre uma das paredes logo à entrada da sala.
Petiscos em grande estilo
Em ambiente igualmente elegante e bem decorado, mas completamente descontraído, se apresenta o espaço Histórico. Não é demais sublinhar o bom aproveitamento do antigo palacete no miolo do centro histórico (entra-se pela Praça de João Franco), que além da sala tem também uma ampla esplanada interior que funciona com espaços diversificados. No meio há uma fonte em pedra (com água, claro) e relva em redor. Na ponta, um imponente cedro centenário que ajuda conferir ao espaço um ambiente deveras singular.
Funciona como restaurante, mas com um menu menos ambicioso que o Papaboa, mas a sua vocação é claramente petisqueira. À imagem do que se passa aqui ao lado em Espanha com as populares tapas, a ideia é dar espaço à tradição do petisco, que é tão apreciado nas tascas esconsas como tão raro em espaços de maior conforto e exigência. Ora, é exactamente isso que a chefe Isabel Vitorino aqui oferece. Com a vantagem (e inteligência, dizemos nós) de ter resistido à tentação de procurar copiar o universo das tapas e ter apostado nas coisas mais típicas, genuínas e saborosas da nossa tradição culinária. Ainda por cima com doses suficientes (bem mais que as minúsculas tapas) a preços moderados e em ambiente requintado, com mesa elegantemente posta, louça, copos e serviço mais do que adequados.
Os petiscos têm um preço médio de três euros e da lista constam coisas como rojões, moelas, pataniscas ou salada de bacalhau, tripas enfarinhadas, cogumelos salteados, gambas panadas, casco de sapateira, polvo à galega, favinhas à portuguesa, chouriça grelhada, papas de sarrabulho, alheira com grelos, e várias outras coisas que só de falar nos fazem crescer água na boca. Dizem que aos sábados, e em época própria, há coisas antológicas da tradição, como bolo com sardinhas ou caldo verde e toucinho, por exemplo.
Do que pouco que se provou, deu para ver que Isabel Vitorino procura preservar o melhor da tradição, com foi o caso da salada de migas de bacalhau (broa migada, cebola, bacalhau desfiado, vinagreta e azeite) ou das pataniscas do mesmo (fofas e crocantes). Além do respeito pelos sabores, produtos e técnicas de confecção, merece aplauso o cuidado posto no serviço, de que é exemplo o pequeno alguidar de barro vidrado em que vieram à mesa os rojõezinhos. Um achado.
- Nome
- Histórico by Papaboa
- Local
- Guimarães, Santiago (Candoso), Rua Val Donas, 4
- Telefone
- 915429700
- Horarios
- Todos os dias das 12:00 às 23:00
- Website
- http://www.papaboa.pt
- Cozinha
- Trad. Portuguesa