Para além de um restaurante com estilo, o Papaboa é também um conceito onde gastronomia e modernidade andam a par. A ideia pode até parecer do mais óbvio e banal, mas as coisas nem sempre são o que se nos oferece à primeira vista. Olhe-se, então, para a Guimarães de há sete anos e facilmente se percebe a ousadia de abrir um espaço como o Papaboa. Sala ampla ocupando todo o piso térreo de uma moradia, decoração moderna e de elegante sobriedade e uma cozinha a condizer, combinando alguns dos pratos e sabores mais identificados com a tradição e as mais contemporâneas técnicas e produtos da gastronomia internacional.
Tudo com a assinatura de uma dupla de irmãos, Isabel e Filipe Vitorino, que, depois da formação e passagem por alguns lugares de topo no panorama nacional, decidiram investir e dar expressão aos conhecimentos adquiridos na sua própria terra. Isabel comanda os fogões e passou antes pelas mais prestigiadas cadeias hoteleiras depois do curso no Estoril, enquanto Filipe cursou gestão hoteleira no Algarve.
Não terá sido fácil implantar em Guimarães um conceito tão diferente e inovador, mas a ideia parece ter vingado. A tal ponto que dificilmente se pode falar hoje do restaurante sem lhe associarmos o mais recente projecto, o Histórico by Papaboa, um espaço mais diversificado, descontraído e multifacetado, mas igualmente assente no critério gastronómico, elegância e modernidade. Tem ainda a vantagem de ter recuperado e dar utilização a um belo palacete do século XVII, implantado bem no miolo do centro histórico da cidade que é património da humanidade e que vive já os preparativos para a capital europeia da cultura, que acolherá em 2012.
São, por assim dizer, duas faces de um mesmo conceito. Um espaço mais recatado e sofisticado, com uma cozinha assente na criatividade e em padrões internacionais; outro mais vocacionado para o dia-a-dia e uma clara tendência petisqueira, a partir do receituário típico e tradicional.
Anunciando-se como "um mundo de sabores inimagináveis, cheio de requinte e glamour", o actual menu do Papaboa propõe meia dúzia de entradas, igual número de opções para os peixes, cinco sugestões nas carnes e sete para sobremesa. Começou-se com um revuelto de setas e gambas, alheira com frutos silvestres e amêijoas à Bulhão Pato (6,50? cada), que logo evidenciaram a boa mão para o petisco e de imediato nos impuseram a necessidade de visitar o Histórico. Correctíssimos os ovos mexidos com os fungos, estimulante a combinação entre o crocante da alheira e acidez dos frutos silvestres, enquanto as amêijoas deixavam na boca um leve rasto da farinha que dera espessura ao molho.
Nos pratos de peixes (€13 cada), chamou a atenção a vivacidade de sabores do polvo à Papaboa, assado e servido na companhia de uma compota de frutos silvestres; igualmente muito bons os medalhões de tamboril com amêijoas e molho de salsa (textura e equilíbrio de sabores), assim como o folhado de bacalhau com legumes, que vai ao forno com molho bechamel e acompanha com legumes cozidos ao vapor. Menos conseguida a espetada do mar, uma combinação de tamboril, salmão e gamba, que denotava algum excesso de sal e de exposição ao calor e lhe retirou suculência. Tudo empratado de forma cuidada e elegante.
- Nome
- Histórico by Papaboa
- Local
- Guimarães, Santiago (Candoso), Rua Val Donas, 4
- Telefone
- 915429700
- Horarios
- Todos os dias das 12:00 às 23:00
- Website
- http://www.papaboa.pt
- Cozinha
- Trad. Portuguesa