Fugas - restaurantes e bares

  • Sandra Ribeiro
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Fábulas de uma boa mesa

Voltou-se ao trilho culinário da região com a “carne de alguidar com migas de espargos” (9,45euros/meia dose) a mostrar uma competente fritura em banha (o ponto de fumo da banha a 182ºC é superior ao de alguns óleos e ao do azeite extra-virgem), suportando melhor o calor, deixando a carne crocante e seca por fora, mas mantendo-a tenra no interior, a lembrar os bons rojões. As migas bem enroladas no “pingo” da carne temperada com o pimentão, e sem os exageros de sal que se apanha frequentemente, com os espargos a darem um sabor verdeal desenjoativo ao prato. A “cabidela de galinha” (9 euros/meia dose) era de frango do campo, ao contrário do enunciado, com o caldo a estar mais “corrido” que na versão minhota. Ainda que estivesse mais “malandro” que “apurado”, vinha com afinação certeira na proporção sangue e vinagre, isto numa meia dose generosa servida em tacho.

A decoração é simples, com o espaço a dividir-se por salas e salinhas apetrechadas de forma confortável, embora à primeira vista pareça mais elaborado do que na realidade é. Há individuais de papel para cada prato e talheres colocados sobre um vidro que protege as toalhas de pano, mas que reduz um pouco o conforto à mesa. 

Serviço simpático, afável e globalmente positivo, embora com insuficiências a superar. O vinho não foi aberto presencialmente (apenas mostrado) e, não obstante a temperatura estar aceitável, não foi dado a provar antes, sendo servido de imediato. Copos de formato standard para a função vínica, exibindo o patrocínio de um produtor local plasmado no vidro. Com a casa mais composta, os deslizes na sala podem aumentar devido ao excesso de solicitação, sobretudo em dias de futebol, quando, inexplicavelmente, o volume da televisão (será preciso o som para se ver futebol?) pode atirar as conversas à mesa para a condição de “som ambiente”. Havendo mais do que uma sala, como é o caso, talvez justificasse a existência de dois ambientes diferentes, ajustados ao que os clientes procuram ou adaptando as circunstâncias do momento. Há vida além do futebol… 

A carta de vinhos parece ser previsível, sendo apresentada e apreçada de forma estranha, com a “originalidade” de ter brancos e tintos ao mesmo preço, o que não valoriza a oferta nem considera o cliente. Há cerca de trinta referências divididas sumariamente por tintos, brancos, verdes e rosés, sem indicações de anos de colheita nem regiões, embora a maioria sejam alentejanos. O inesperado é ver que em alguns recantos há escaparates de madeira e armários refrigerados com uma selecção bem mais alargada e interessante além do papel, onde estão algumas boas opções ao nível de rótulos e preços. Ou seja: organização precisa-se!

Nas sobremesas há a oferta conventual característica da zona mas a opção foi experimentar umas menos vistas e humildes “papas de Arraiolos” (2,50 euros) servidas dentro de uma vistosa taça de massa choux a lembrar pétalas, que trazia então as papinhas doces consistentes, aromatizadas com baunilha, laranja e uma pitada de canela. A consistência das papas permitiu colocá-las em espiral com a ajuda de um saco de pasteleiro, ficando mais estéticas, além de agradáveis. De sonho estava a fabulosa “torta de coco” (2,85 euros), a enrolar na perfeição a fina massa de bolo com cerca de 0,5cm de espessura que envolvia um belíssimo e húmido recheio de coco e doce de ovos. 

Nome
Pátio dos Petiscos
Local
Montemor-o-Novo, Nossa Senhora da Vila, Rua Curvo Semedo, 39
Telefone
266890038
Horarios
Domingo, Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 22:00
Website
http://patiodospetiscos.pt/
Preço
20€
Cozinha
Trad. Portuguesa
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