Arte apurada
Na passagem para os pratos de mais substância, foram servidos um “atum flamejado com ervas e ar [espuma] de soja” e o tradicional “bacalhau à Brás”. Os pratos mais conseguidos em ambos os casos. E nem só pelo apuro de confecção e sabores. Também pelo empratamento criativo, fino e harmonioso, a deixar evidente que por detrás do contexto de aprendizagem há um chef cozinheiro com talento e arte apurada. Chama-se Rui Rodrigues e o melhor é estar com atenção ao que fará nos próximos tempos. É também ainda um jovem, ao que apurámos com percurso nos hotéis do universo Sonae (dona do PÚBLICO). Do Porto Palácio para Tróia, onde o recrutaram para este projecto de contexto formativo. Imagina-se que os alunos devem agradecer.
Nos peixes, como pratos finais, foram servidos um “naco de cherne com molho de maracujá e arroz de cogumelos”, tudo de confecção irrepreensível, e uma interessante “açorda e peixe”, numa espécie de soufflé de efeito visual muito interessante. Nas carnes, “lombo de porco” e “naco de vitela”, ambos com o complemento de cogumelos e batata rústica.
Não são muitas as opções para sobremesa, mas destaca-se o quinteto para degustação de gelados, que em ambas as ocasiões foi a opção. Apresentados como uma espécie de flor, com pétalas de diferentes cores e sabores: pistácio com wasabi, ovo, lima com Porto, café e toffee, gengibre e baunilha, caipirinha, etc.
Num contexto elegante e acolhedor, o desempenho dos alunos acaba até por funcionar como uma mais-valia face ao seu desempenho jovial, simpático e eficaz. Ao prazer da refeição, junta-se a satisfação de ver a eficácia da formação e a esperança de que uma nova geração leve profissionalismo, criatividade e bom gosto a um sector que disso há muito anda carecido.
Quanto à cozinha, serviço e ambiente, este Bistrô bem honra o passado artístico do edifício. Reparos apenas para o sector dos vinhos, que claramente não acompanha o nível restante. É certo que os preços teriam que ser outros, mas justificava-se uma proposta de vinhos ajustados à degustação. Até porque o cliente, que não sabe o que vai comer, está impedido de fazer escolhas adequadas. Também os alunos parecem pouco à vontade nesta matéria.
A carta é abrangente e os preços sensatos, com oferta a copo, mas falta a indicação do estilo de vinho e de colheitas. E o nível culinário exige esse critério.
Já que falamos de acertos, parece também anacrónico que nas instalações sanitárias não haja toalhas ou toalhetes. Apenas a trivial máquina com “20 cm de toalha limpa e seca” para puxar, ao estilo do mais vulgar snack-bar. Não casa com o contexto.
Pelo estilo e ambiente, não parece que este The Artist Bistrô seja lugar para multidões. No entanto, como de duas tentativas em dias de fim-de-semana acabámos por voltar para trás com lotação esgotada, sempre será prudente a reserva antecipada.
A opção pelas refeições com cinco, sete ou nove degustações (20, 25 ou 30 euros) funciona apenas para o jantar. Para o almoço, há um “menu do dia”, por 10 euros, que inclui prato principal, sopa ou sobremesa, bebida e café. Todos os dias há opção para carne, peixe ou vegetariano e as ementas são conhecidas para toda a semana.
- Nome
- The Artist Bistrô
- Local
- Porto, Santo Ildefonso, Rua Firmeza, 49
- Telefone
- 220132700
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:30 às 14:30 e das 19:30 às 22:30
- Website
- http://www.theartistporto.pt/
- Cozinha
- Internacional