No interior, o mesmo ambiente cuidado. Arquitectura de sóbria modernidade, predominando os tons claros e a luminosidade natural. Além do espaço de recepção, no piso de entrada fica também a cozinha e uma sala para comensais. Há mais duas no piso superior, uma delas destinada a fumadores, e todas com capacidade para acolher cómoda e espaçosamente cerca de 30 pessoas. Para o tempo quente, há também um terraço na parte posterior do primeiro andar.
Para além do ambiente de modernidade, diga-se que a cozinha dispõe de luxos de todo o tempo, como forno a lenha e um amplo grelhador a carvão onde os peixes são amanhados à vista do cliente. E dizemos apenas os peixes não porque as carnes estejam excluídas mas tão-só porque, tratando-se de Matosinhos e de uma casa que fica mesmo de frente para a entrada principal da lota do peixe, manda a lógica marinheira quase em exclusividade.
Foi isso que aconteceu nas duas vezes em que a Fugas ali se sentou à mesa sem qualquer tipo de tentação pela carne. Da primeira, em grupo alargado, provaram-se várias entradas, das quais se reteve memória de uns camarõezinhos da costa e saborosas pataniscas de bacalhau. Três peixes de bom porte grelhados no carvão deixaram perceber depois as potencialidades da cozinha, se bem que sabores e texturas tivessem acabado um tanto misturados ao serem servidos em conjunto. Robalo e rodovalho em ponto ideal, mais seca e falha de sabor a dourada (por ter sido aberta e espalmada antes de ir à grelha).
Como é tradição na zona, os peixes chegam inteiros à mesa e expostos em grandes travessas, passando depois os funcionários a limpá-los de pele e espinhas, numa operação de evidente aparato mas de menor valia gastronómica. Perdem-se algumas das partes mais interessantes e saborosas dos pescados, como sucos e gelatinas, enquanto se alteram também as temperaturas.
Faltavam os peixes do forno, pelo que houve que ali voltar expressamente com esse propósito. A ideia era mesmo o prometedor robalo no pão (37,50€/kg), mas que a falta de tempo acabou por inviabilizar. O peixe vai ao forno envolto em massa fresca de pão, que assim coze de forma lenta e harmoniosa encerrando em si todo o sabor e frescura do mar. Tratando-se de forno a lenha, a coisa há-de ser mesmo do melhor.
A alternativa mais rápida passou pelo robalo assado (37,50€/kg), que permitiu que fôssemos devorando umas gulosas petingas fritas - excelentes na companhia de broa de milho - e umas gambas grelhadas, que estavam bonitinhas, sem dúvida, mas falhas de outros atributos. O robalo assou na companhia de batatinhas aos gomos, folhas de louro e tomate, e veio à mesa no próprio tabuleiro de metal em que foi ao forno. Pode até nem ser lá muito elegante, mas é a melhor forma para que nada se perca e todo o prazer seja servido. Acompanhou muito bem com um branco Dona Berta Vinha Centenária Reserva 2008 (18,50€), corpulento e austero, mas com boa acidez para o embate com as gorduras.
- Nome
- Doca X
- Local
- Matosinhos, Matosinhos, R. Heróis de França, 185
- Telefone
- 224066859
- Horarios
- Domingo, Segunda-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 23:30
- Website
- http://www.docax.pt
- Preço
- 30€
- Cozinha
- Peixe e Marisco
