Na “piscina” dos grandes
Apesar de haver um menu degustação de sete pratos a 45 euros (três entradas, carne, peixe e duas sobremesas, tudo escolha do chef), optou-se por ir à carta e começar pela “selecção de pães, azeite DOP & azeitonas” (3,50 euros), um couvert de qualidade, com umas óptimas azeitonas e dois bons pães feitos na casa, um com azeitonas e o outro tipo focaccia. Seria bom era ter um pão mais “neutro”, de mistura simples à base de trigo. Ter na mesa um azeite categorizado como o virgem extra da Cartuxa (que por acaso não é DOP, como está anunciado) para depois o embeber em pão focaccia (azeitado e com orégãos), ou em pão com azeitonas, é uma redundância sobre sabores fortes que não favorece nenhum dos produtos. Um bom azeite precisa de uma “tela” em branco para brilhar, o que acontece se o pão tiver um sabor neutro.
Das propostas listadas “para picar” veio um saboroso “dim sum de camarão ajillo” (7,50 euros), com o cestinho de bambu a trazer quatro mini dumplings de massa fina fechada em trouxa, a resguardarem um picadinho do crustáceo com alho em suave equilíbrio, nesta feliz ligação “hispano-nipónica”. Muito bons os “croquetes, maioneses & mostardas” (6,50 euros) sob a forma de quatro esferas crocantes fritas ao momento, bem guarnecidos de carne estufada e desfiada num recheio ligeiramente cremoso sem exageros “bechamélicos”. Vinham assentes em maionese para não resvalarem sobre a ardósia de xisto e um pouco de mostarda à antiga no sopé de cada unidade para um condimento extra que nem era necessário, pois a qualidade do preparado valia de per si.
Nas entradas, o “creme de ostras, gin & mar” (9 euros) era um prato fundo com tofu, tiras de maçã verde, uma ostra, algas, salicórnia e esferas de gin. Em seguida os ingredientes foram cobertos pelo intenso e sedoso creme de ostras, onde sobressaíam notas de iodo, a acidez equilibrante dada pela bebida da moda ao libertar-se das esferificações, e aqui e ali laivos de sal ao trincarem-se as pontas de salicórnia - uma composição marítima impecável. O “ovo escalfado, alheira, grelos & cogumelos” (7,65 euros), foi a variação (mais uma) deste casamento tradicional de ingredientes que de tão visto começa a parecer banal. Há que destacar a categoria superior do enchido transmontano e o facto de ter sido apresentado em troço (em vez de vir esfarelado, como se vê muito), conjugado com o ovo em ponto “rompente”, pronto a misturar-se com os grelos em puré, encimado por elegantes cogumelos nameko. A “salada de beterrabas, queijo de cabra e amêndoas” (6 euros) era uma engenhosa ligação de sabores com cubos de beterraba roxa, folhas de acelga bebé (espécie da família beta vulgaris), a juliana dos seus talos avermelhados e pontas de minibeterrabas a desfilarem em curva sobre a ardósia (diga-se que esta profusão de cores merecia mais contraste que um fundo preto). Literalmente como numa orquestra - a metáfora não é exagerada -, este naipe de beterrabas era intercalado com sabores melodiosos de tiras de gengibre cristalizado, amêndoas caramelizadas e uma potente espuma de queijo de cabra (versão chèvre), que “amainava” com elegância os vários açúcares que o prato trazia. Uma “simples” salada que era afinal uma composição magíster para as papilas gustativas. Bravo!
- Nome
- Pedro e o Lobo
- Local
- Lisboa, Coração de Jesus, Rua do Salitre, 169
- Telefone
- 211933719
- Horarios
- Segunda das 20:00 às 23:00
Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira e Sexta-feira das 12:45 às 15:00 e das 20:00 às 23:00
- Website
- http://www.pedroeolobo.pt/
- Preço
- 50€
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Sim