Nos principais, o “atum patudo, batata-doce, mostarda & gengibre” (19,75 euros) era um naco soberbo da barriga do tunídeo açoriano, “selado” ao segundo, divido em dois a exibir a suculência e rigidez da carne piscícola. Um pouco de beterraba assada, chips de cenoura e um puré de batata-doce com gengibre faziam coro sem atropelos, a deixarem o magnífico sabor do atum exprimir-se em pleno. A “perna de cordeiro, rösti de batata & esparregado” (23,50 euros) é um dos pratos mais caros da lista, mas uma parte do preço deve ser para a conta da luz, pois o resultado não justifica. As febras desfiadas e enfiadas num pequeno cilindro para dar forma tinham a suculência de uma cozedura prolongada, mas só no molho se ia buscar o sabor da carne. A batata eram tiras prensadas tipo bolacha crocante a saberem mais a tostado que ao tubérculo, o esparregado estava correcto. As “bochechas de porco, alfarroba, figos, amêndoa & laranja” (17,75 euros) pareciam um prato de homenagem ao Sul de Portugal. As duas porções da carne levaram um tratamento parecido ao do borrego, mas foram caramelizadas no molho, ficaram húmidas mas com mais sabor no interior. A alfarroba veio sob a forma de uma massa esfarelada cozida, de sabor discreto para a capacidade da vagem, mas com o conjunto de mini igos, gomos de laranja e amêndoas crocantes a darem mais fulgor a tudo. Nas sobremesas a qualidade é novamente irrepreensível. O “sablé de maçã” (6,75 euros) era uma minitarte de base um pouco espessa, mas saborosa (amanteigada), recheada com um guloso picadinho de maçã. A “tarte merengue de limão” (6 euros) era uma deliciosa síntese subtractiva, não de cores, mas dos elementos que vinham dispersos numa ardósia, onde se podia sentir bem a voluptuosidade do creme de limão, a leveza dos pináculos de merengue dourados a maçarico e a base em crumble a ladear tudo. As “farófias & leite cremoso” (5,5 euros) era antes “a” farófia, uma única, grande e de forma perfeita, a parecer-se com uma conta gigante de um colar de pérolas. Textura exterior firme e macia como algodão por dentro. As “trufas” (4,25 euros) eram quatro bolinhas tipo azeitona com chocolate de boa qualidade e notas licorosas no sabor, mas que pareciam mais um petit four para acompanhar o café do que uma sobremesa.
Carta de vinhos curta e grossa de escolha e preços, respectivamente. Serviço sem falhas ao nível de copos, temperaturas e protocolo. Uma refeição de grande nível num restaurante que, apesar do nome infantil, foi idealizado para estar na “piscina” dos grandes. Com o novo chef Frederico Guerreiro a premissa parece estar assegurada. Produtos de grande qualidade e preparações feitas com técnicas seguras e sabores directos. Um pouco mais de proximidade ao cliente em detalhes de conforto e variedade de oferta ao almoço e aí sim, a melodia deste “Pedro e o Lobo” pode ser outra ao ultrapassar os ruídos da crise. Poderá tornar-se um valor seguro harmonizando os diversos naipes que compõem um bom restaurante. Como Prokofiev fez com a música...
- Nome
- Pedro e o Lobo
- Local
- Lisboa, Coração de Jesus, Rua do Salitre, 169
- Telefone
- 211933719
- Horarios
- Segunda das 20:00 às 23:00
Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira e Sexta-feira das 12:45 às 15:00 e das 20:00 às 23:00
- Website
- http://www.pedroeolobo.pt/
- Preço
- 50€
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Sim