Fugas - viagens

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O Luxemburgo das encruzilhadas

Falam de província, mas nenhuma cidade de província se pode gabar de ter tantos restaurantes com estrelas Michelin (quatro na cidade, 13 no total num dos mais pequenos estados europeus). O que o Luxemburgo tem é descontracção. Que outro palácio real na realidade palácio ducal: outra das idiossincrasias do Luxemburgo é ser o único grãoducado do mundo, tem apenas uma sentinela à porta? E este palácio está no meio da cidade, à face de uma rua pedonal, um edifício renascentista severo, em pedra escura, com tiques de pequeno castelo, mas no conjunto bastante despretensioso, se comparado com os seus congéneres europeus.

A mais bela varanda europeia

Estamos na cidade velha, que aqui se divide em cidade alta e baixa, entre edifícios medievais, e estamos a pé, a melhor maneira de conhecer esta cidade -claro que há descidas a pique e subidas íngremes, mas também há possibilidade de fazer "batota": elevadores a transportaremnos entre os diferentes andares. Quando não há (e, sejamos realistas, isso acontece muito), garantimos que vale bem a pena o esforço de subir e descer -vejam-se os parques aninhados no vale do Pétrusse, um silêncio irreal com a cidade a correr em cima.

A correr mas não muito. Porque se o Luxemburgo funciona como um relógio suíço não é por os luxemburgueses andarem apressados, é mesmo pela organização extrema. Mas nem a organização salva o visitante mais incauto, por vezes. Com uma geografia algo complicada é fácil perdermos a noção de onde estamos na cidade -mas chegamos ao final do dia e percebemos que estivemos onde devíamos ter estado, mesmo que já não saibamos se estamos na margem do rio Alzette ou do Pétrusse.

Apesar de termos tido uma lição rápida da geografia mais básica da cidade: a parte alta equivale ao centro da cidade, a "cidade velha"; a parte baixa é o bairro da gare, como quem diz, da Gare Centrale, da estação de comboio; o Grund é um dos vales da cidade e um dos bairros (sinónimos, para os luxemburgueses: "am Grund", "no fundo", é o bairro e é o vale). A Kirchberg só nos atrevemos a ir de carro.

Por enquanto temos um dia para passar e muita pedra para calcorrear. No "bairro da gare", mistura-se o comércio mais elegante com o outro. A sóbria elegância dos edifícios oitocentistas domina nos grandes boulevards que atravessam as pontes para a "cidade velha", também ela delimitada por avenidas antes de se ir estreitando. É fácil saber quando chegamos à Place d'Armes porque, na verdade, esta é quase inescapável. Está no centro da cidade e dali compreende-se um pouco melhor os caminhos ínvios que esta por vezes toma. Foi "pátio" para exercícios de exércitos ao longo dos séculos, agora é a sala de estar da cidade, com cafés e restaurantes que saem para esplanadas, lojas, muita animação e, claro, muitos turistas circulando em torno da praça de pedra, plantada de árvores à volta.

O Palácio Ducal está ali perto, e não muito longe entramos no Museu Nacional de História e de Arte e no Museu da História da Cidade do Luxemburgo, onde o elevador panorâmico é uma sala flutuante, penetrando na pedra e erguendo-se às alturas como outro miradouro da cidade, e onde se pode observar a evolução das muralhas em escala reduzida. Claro que nada melhor do que a experiência e ali à frente está essa história à nossa espera. A jóia da coroa do turismo luxemburguês.

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