Fugas - viagens

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Índia: Andar muito, devagar

Convida-nos a sentar, é servido chá, fala-nos sobre a História da região.

Estamos no Estado de Guzerate, mas as fronteiras aqui já foram muito batalhadas e negociadas, Palampur pertencia ao reino do Rajastão. Narendrasinh prontificou-se a ajudar-nos sem contrapartidas, amabilidade genuína. Aparenta cinquenta anos muito elegantes, o perfeito marajá; ele é descendente de monarcas do Rajastão. Depois de concluída a reparação não permitiu que pagássemos: "Vocês estão em minha casa, são meus convidados".

De tão em casa que estávamos, pedimos a Internet móvel ao seu filho para postarmos no nosso blogue de viagem, de maneira a podermos mostrar ali mesmo a actualização do blogue online.

Um agradecimento em inglês e fotografia de grupo: Narendrasinh, o seu filho Nirmalsinh, o mecânico, o ajudante e nós os três, todos em pose, do stand para o mundo, em estaviagemdavaumfilmeindiano.blogspot.com.

Arriscar a pele na estrada

Em momento algum os polícias de trânsito que nos mandaram parar ao longo da viagem entraram na sinuosa conversa de meias palavras que sugere o suborno. À entrada do Estado de Maharastra, quando já estávamos para seguir caminho depois de os documentos apresentados, um dos polícias mandou parar uma carrinha frigorífica de transporte de refrigerantes e pediu ao condutor uma Cola de meio litro fresca, que nos ofereceu. Ficámos impressionados com tanta simpatia por trás de uma farda policial.

Noutra operação stop, encostámos juntamente com dois riquexós de americanos que vinham atrás de nós. Documentos à mistura com chá que os polícias ofereceram e ficámos a fazer conversa, como se estivéssemos num salão de chá.

Scott tem na mão o jornal do dia com a notícia de quatro homens atacados por um leopardo "Mas a minha mulher deu-me esta notícia há dois dias!". A sua esposa está em Richmond, a 12.000 km do nosso chá da manhã, mas foi ela que lhe contou o que aconteceu a 17 km da cidade onde ele dormira no dia do ataque felino. Scott está desconcertado, ri-se, fala aos polícias da aldeia global e da fluidez da informação.

Embraiagem e punho das mudanças na mão esquerda, na mão direita acelerador e travão, accionado também pelo pé direito.

De resto, olhos bem abertos sem distracções com a conversa dos de trás. Nem sempre o condutor consegue apreender a totalidade do que se passa na via, por vezes a estrada é um enorme circo, cheio de artistas arrojados, lançando-se em manobras nunca dantes vistas, pelo menos por nós.

O riquexó pode andar em todas as vias, excepto na Express Highway entre Ahmedabad e Vodadora. Andámos sempre por onde andam os grandes.

Nos nós rodoviários e circulares urbanas há muito trânsito e conduz-se depressa, não é fácil; atravessar cidades e vilas repletas de veículos e peões também é exigente, tem que se combinar prudência com audácia. O co-piloto era fundamental: avistar antecipadamente buracos e lombas, avisar entradas desenfreadas na estrada, atenção às crianças que saem da escola, aos camiões, às vacas, às bicicletas, seguir o mapa de estradas e a informação nas placas, às vezes apenas escrita em hindi, tínhamos que memorizar a mancha gráfi ca do nome que indicava a nossa direcção.

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