Marlene Vieira está a preparar, para uma cliente, a sua francesinha de bife de atum e sapateira, que “é uma sanduíche, como a francesinha, mas leva o peixe e o marisco, uma cebolada ligeiramente avinagrada e queijo mozarela”. A chefe do restaurante Avenue diz que este é um dos pratos em que mais aposta e que criou propositadamente para o festival Peixe em Lisboa – que começou dia 3, no Pátio da Galé, Terreiro do Paço, e se prolonga até dia 13.
O Avenue é um estreante entre os 10 restaurantes presentes no Peixe em Lisboa, e por isso Marlene pensou em pratos que se adaptassem ao festival. A outra aposta é um corn dog “fixe”, que é salsicha de linguado e camarão com polme de farinha de milho, inspirada nas salsichas que se comem nas feiras no Sul dos Estados Unidos.
Uns metros mais à frente está Vítor Claro, do restaurante Claro!, outro estreante aqui. O chefe aproveita para apresentar aqui um conceito com o qual pensa abrir em breve um espaço em Lisboa: os bijous, pães muito leves, que podem ser recheados com pataniscas de bacalhau, carapaus de escabeche, croquetes de atum ou salmão fumado do Alasca.
Seguimos caminho e encontramos o terceiro (e último) estreante desta edição, a Bica do Sapato, de Alexandre Silva, onde um dos destaques, nas entradas (a 5 euros), é o “éclair de sapateira com gel de mariscos e ervas”, e o choco frito com maionese de wasabi, enquanto nos pratos principais (a 8 euros) há o lombo de bacalhau fresco confitado com à brás e puré de azeitona, ou (a 12 euros) uma tranche de corvina salteada com xerém de amêijoa e tomate, rebentos de coentros.
Paulo Morais, do Umai/Izakaya, é um habitual no Peixe em Lisboa, e desta vez traz, entre várias outras propostas, o seu house maki com salmão selvagem do Alasca, um caril verde com três nuances, e camarão com espuma de caril.
No Mercado Gourmet as bancas também estão prontas: dos doces da pastelaria Alcôa, de Alcobaça (a novidade é a coroa abadessa, com amêndoa, avelã e gemas), aos cogumelos da Terrius, passando pelo porco bísaro, o sal, os doces, os vinhos.
Para além de se poder comer nos restaurantes (que incluem ainda o Arola, o Ribamar, o Assinatura, José Avillez, O Nobre, e Vítor Sobral), no Peixe em Lisboa pode-se assistir, no auditório exterior, no Terreiro do Paço, às apresentações de chefes internacionais – os convidados são o brasileiro Thiago Castanho (Remanso do Bosque, Belém), Moreno Cedroni (Madonnina del Pescatore, Ancona), Josean Alija (Nerua, Bilbau).
E de chefes portugueses: João Rodrigues (Feitoria, Hotel Altis Belém, uma estrela Michelin), Miguel Laffan (que este ano conquistou a primeira estrela para o L'And, em Montemor-o-Novo, Alentejo), Pascal Meynard (hotel Four Seasons Ritz Lisboa), Hélio Loureiro (chef da Selecção Portuguesa de Futebol), Vítor Sobral (Tasca da Esquina) e - uma surpresa - Kiko Martins (O Talho) que, apesar de ter um restaurante especializado em carne, vai aqui trabalhar o peixe, e vai fazê-lo de forma criativa, cruzando peixe com carne.
Vai ainda haver debates sobre temas que vão da criatividade (com José Avillez e os seus convidados) aos olhares exteriores sobre a cozinha portuguesa, com as opiniões do crítico gastronómico Carlos Maribona, do diário ABC e do blogue Salsa de Chiles, do chefe catalão Sergi Arola, do austríaco Kurt Gillig, director do hotel Vila Vita Parc, no Algarve, e ainda do jugoslavo já português que é Ljubomir Stanisic, do 100 Maneiras.