Fugas - Viagens

Olivier Morina/AFP

As nossas cidades favoritas, sem as multidões do Verão

Por Andreia Marques Pereira

Cidades como Barcelona, Veneza, Praga ou Florença esperam-nos agora que o Verão ficou para trás e levou com ele a maioria dos outros turistas.

Em Barcelona, são os próprios habitantes que anseiam pelo fim do Verão, altura em que as suas vidas retomam o ritmo normal, longe da confusão turística. Nos bairros mais turísticos, como o Gótico, por exemplo, há quem faça questão em sair durante os meses “altos”, para fugir ao barulho, às multidões que impedem uma vida normal.

E não é só Barcelona que sente a pressão turística, nem sequer é a única onde, no Verão, o número dos visitantes supera o dos residentes – Veneza, Praga e a lista poderia continuar, entre cidades grandes e outras mais pequenas (Florença e Brugges, por exemplo, são inescapáveis), são parques temáticos, que existem apenas para preencher as fantasias com que chegamos até elas, cultivadas, claro, pelas imagens que ao longo de anos projectaram para o exterior. 

É uma relação ambivalente, a que se estabelece entre as cidades turísticas com os seus visitantes (e não vamos falar sequer da pressão para manter e aprofundar essa imagem que o mundo tem delas), mas certo é que o Verão não é a melhor altura para as descobrir. Seja nas ruas, em cafés ou, principalmente, monumentos e museus – não é raro verem-se filas a ondular pelas ruas e, no interior, os visitantes prosseguem quase encarreirados sem tempo para verdadeiramente usufruir dos espaços e das obras: é um fluxo constante e padronizado que se quebra quando o Verão parte.

Sim, os horários são mais curtos e é preciso estar atento, mas a qualidade das visitas pode ser incomparavelmente superior, percorrer praças e avenidas deixa de ser uma gincana para evitar multidões e estar em cafés e esplanadas passa a ser mais relaxante sem sentir a vontade dos empregados em fazer circular mesas. Além do mais, os espaços mais locais, ou seja, aqueles que são frequentados pelos residentes (e, normalmente, mais baratos) estão abertos, ao contrário do que acontece muitas vezes no Verão, sobretudo no sul da Europa – é, portanto, uma melhor altura para sentir o quotidiano verdadeiro dos locais que visitamos, viver o mesmo ritmo, conhecer os hábitos. E como o tempo não está muito frio é possível contrabalançar perfeitamente o ar livre, por parques e jardins, com tudo o resto – e sim, os dias são mais curtos mas as cidades iluminadas também têm um encanto muito particular.

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