Fugas - Viagens

  • Le Grand Eléphant - Les Machines de l’île
    Le Grand Eléphant - Les Machines de l’île Jean-Dominique Billaud /Nautilus
  • Daniel Buren et Patrick Bouchain, Les Anneaux, Quai des Antilles, Nantes - Estuaire 2007
    Daniel Buren et Patrick Bouchain, Les Anneaux, Quai des Antilles, Nantes - Estuaire 2007 Jean-Dominique Billaud - Nautilus/LVAN
  • Jean-Luc Courcoult, La Maison dans la Loire, Couëron - Estuaire 2007
    Jean-Luc Courcoult, La Maison dans la Loire, Couëron - Estuaire 2007 Bernard Renoux/LVAN
  • Jean-Luc Courcoult, La Maison dans la Loire, Couëron - Estuaire 2007
    Jean-Luc Courcoult, La Maison dans la Loire, Couëron - Estuaire 2007 Bernard Renoux/LVAN
  • Erwin Wurm, Misconceivable, Canal de la Martinière, Le Pellerin - Estuaire 2007
    Erwin Wurm, Misconceivable, Canal de la Martinière, Le Pellerin - Estuaire 2007 Gino Maccarinelli/LVAN
  • Huang Yong Ping, Serpent d’océan, Saint-Brevin-les-Pins,  Estuaire 2012
    Huang Yong Ping, Serpent d’océan, Saint-Brevin-les-Pins, Estuaire 2012 Martin Argyroglo/LVAN
  • Rolf Julius, Air, Quartier de la création (Manny), Nantes - création Estuaire 2009
    Rolf Julius, Air, Quartier de la création (Manny), Nantes - création Estuaire 2009 Martin Argyroglo/LVAN
  • Resolution des forces en presence - Vincent Mauger
    Resolution des forces en presence - Vincent Mauger Stephane Mahe/Reuters
  • Le Mètre à Ruban, Lilian Bourgeat.
    Le Mètre à Ruban, Lilian Bourgeat. Stephane Mahe/Reuters
  • Tatzu Nishi, Villa Cheminée, Cordemais - Estuaire 2009
    Tatzu Nishi, Villa Cheminée, Cordemais - Estuaire 2009 Gino Maccarinelli/LVAN
  • Jean-Luc Courcoult, La Maison dans la Loire, Couëron - Estuaire 2007
    Jean-Luc Courcoult, La Maison dans la Loire, Couëron - Estuaire 2007 Martin Argyroglo/LVAN.
  • De temps en temps F. Morellet - Nantes
    De temps en temps F. Morellet - Nantes Patrick Messina/LVAN .
  • Le Carrousel des Mondes Marins. Les Machines de l’île
    Le Carrousel des Mondes Marins. Les Machines de l’île Jean-Dominique Billaud - Nautilus/LVAN
  • Place Graslin. Nantes
    Place Graslin. Nantes Patrick GERARD / LVAN
  • Michel Colombe, Tombeau de François II et Marguerite de Foix, Cathédrale Saint-Pierre et Saint-Paul, Nantes
    Michel Colombe, Tombeau de François II et Marguerite de Foix, Cathédrale Saint-Pierre et Saint-Paul, Nantes Martin Argyroglo / LVAN
  • La Parade de Yodel - La nuit du Van - Le Voyage à Nantes 2014
    La Parade de Yodel - La nuit du Van - Le Voyage à Nantes 2014 Martin Argyroglo / LVAN
  • Cathédrale Saint-Pierre et Saint-Paul, Nantes
    Cathédrale Saint-Pierre et Saint-Paul, Nantes Franck Tomps / LVAN
  • Opéra Graslin, Nantes
    Opéra Graslin, Nantes Franck Tomps / LVAN
  • Passage Pommeraye
    Passage Pommeraye Patrick Messina/LVAN
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    Quai Turenne, île Feydeau . Patrick Messina.
  • Château des ducs de Bretagne - Nantes
    Château des ducs de Bretagne - Nantes Patrick Messina/LVAN
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    Les Machines de l'île Jean-Dominique Billaud/LVAN
  • La Fourmi géante. Galerie des Machines. Les Machines de l'île
    La Fourmi géante. Galerie des Machines. Les Machines de l'île Jean-Dominique Billaud/LVAN
  • Le Carrousel des Mondes Marins. Les Machines de l’île
    Le Carrousel des Mondes Marins. Les Machines de l’île Jean-Dominique Billaud - Nautilus/LVAN
  • L'araignée. La Galerie des Machines. Les Machines de l'île
    L'araignée. La Galerie des Machines. Les Machines de l'île Jean-Dominique Billaud/LVAN
  • Skate Ô drome (Ensa Nantes), Unity 4 Ride e Fichtre - Voyage à Nantes 2015
    Skate Ô drome (Ensa Nantes), Unity 4 Ride e Fichtre - Voyage à Nantes 2015 Franck Tomps / LVAN
  • Mémorial de l'abolition de l'esclavage
    Mémorial de l'abolition de l'esclavage Franck Tomps/LVAN
  • Mémorial de l'abolition de l'esclavage
    Mémorial de l'abolition de l'esclavage
  • Miroir d'eau, Carré Feydeau, Nantes
    Miroir d'eau, Carré Feydeau, Nantes
  • Nantes
    Nantes Patrick Messina

Nantes, um museu de arte urbana a céu aberto

Por Mara Gonçalves

Foi capital da Bretanha e principal porto francês no mercado de escravos, berço de Júlio Verne. Hoje transborda de arte urbana, quer ser cidade verde, da cultura e do turismo. Nantes lambeu as feridas do passado e lança o coração no futuro. Pode uma cidade reinventar-se?

Deixámos a história a meio para vê-lo chegar e quando nos apertamos numa varanda já ele caminha vagarosamente na nossa direcção. As patas monstruosas vão desenhando passos a centímetros do chão, as presas cor de marfim reluzem contra o corpo castanho, uma tromba traquina vai lançando jactos de água aos miúdos mais afoitos. A visão pouco teria de extraordinário, não tivesse este elefante o quádruplo do tamanho normal, pele de madeira e cabedal, músculos de aço, veias eléctricas e coração motorizado.

O gigante paquiderme mecânico foi o primeiro projecto das Machines de l’Île, em 2007, e é desde então uma das principais atracções turísticas da cidade. É o símbolo da nova Nantes, unindo passado e futuro da cidade. A inspiração nas viagens extraordinárias de Júlio Verne (o filho mais famoso de Nantes, nascido em 1828 num edifício da Cours Olivier de Clisson) é a mais evidente. Como não imaginar de imediato a cena de A Volta ao Mundo em 80 Dias em que Phileas Fogg e Passepartout resgatam Aouda, fugindo a trote num elefante pelas florestas indianas?

No entanto, o projecto artístico das Máquinas da Ilha — do qual ainda fazem parte o Carrossel dos Mundos Marinhos (e como não recordar, mais uma vez, as aventuras do capitão Nemo em 20 Mil Léguas Submarinas?) e a Galeria (povoada pelos vários animais robotizados que no futuro habitarão a Árvore das Garças, o terceiro e ambicioso projecto, ainda sem data) — une não só o mundo literário de Júlio Verne, como “o universo mecânico de Leonardo da Vinci e a história industrial de Nantes”. “Quisemos aproveitar a reurbanização da ilha de Nantes para trazer máquinas também elas urbanas”, começavam a contar os criadores do projecto num vídeo de apresentação quando os abandonámos para ver chegar o paquiderme hidráulico e invejar os seus 50 passageiros que nos olham de telemóveis em punho.

Localizadas na antiga zona dos estaleiros navais da cidade, as máquinas ali criadas não só se inspiram nesse passado como integram nos corpos bizarros alguns materiais ali encontrados. Mas o projecto é sobretudo símbolo da transformação de uma cidade, que procura olhar de forma inovadora para o passado ao mesmo tempo que se atira no futuro, com uma aposta no turismo e na arte urbana. Do vazio cinza e deprimente deixado pela transferência dos estaleiros para Saint-Nazaire e da desindustrialização do final do século, para uma cidade colorida e vibrante, com arte urbana em cada esquina. “Por ano, há cerca de seis mil pessoas a vir morar para Nantes”, ouviremos várias vezes.

Foi Jean-Marc Ayrault, então presidente da câmara de Nantes (depois primeiro-ministro francês e actualmente ministro dos Negócios Estrangeiros), que na década de 1990 viu na cultura o futuro da cidade, caminho para atrair turismo e revitalizar a economia local. O primeiro passo estava dado. Tornou-se vontade política, avultado investimento público. No entanto, seria em 2011 que a arte urbana viajava (e se implantava) definitivamente na cidade, com o nascimento do organismo municipal Le Voyage à Nantes.

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