Fugas - hotéis

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Barcelona vive-se bem das janelas do W, o hotel vela

Por Mariana Oliveira

O envidraçado é uma autêntica tela viva sobre a baía de Barceloneta. O mar viciou, e a Fugas teve dificuldade em abandonar o recém-inaugurado W-Barcelona e aproveitar para desfiar a capital catalã. Não deixou, porém, de aproveitar o spa e de experimentar os cocktails de melancia

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Estamos no 10.º piso e a janela do nosso quarto é na realidade uma tela viva sobre a baía de Barceloneta. O mar enche-nos o quarto e vicia-nos. Não nos apetece sair para desfiar a cidade. Estamos aqui, deitados numa confortável cama, a olhar Barcelona e chega-nos. Os ícones estão lá. Vemos as torres da Sagrada Família e os vários guindastes que tentam completar a obra projectada no século XIX pelo arquitecto Antoni Gaudí.

Já mais perto da praia, observamos dois edifícios que se distinguem na paisagem (Mapfre e Hotel das Artes) e entre eles o Peix D'Or, uma escultura gigantesca realizada pelo arquitecto canadiano Frank Gehry, quando toda a marginal catalã foi reabilitada para receber os jogos olímpicos de 1992. Continuamos. Um pouco atrás surge a Torre Agbar, com 33 andares, do arquitecto francês Jean Nouvel, inaugurada em 2005. Ao nosso lado esquerdo, está o porto turístico, onde atracam os cruzeiros. Ao fundo vê-se Montjuic, que esconde a maioria das instalações desportivas construídas para as olimpíadas.

Barcelona vive-se bem desta janela. À noite ganha um outro encanto. As luzes contornam a curva da marginal e ao longe vai-se sentindo o movimento da noite. Não contestamos sequer que a cidade merece ser visitada, calcorreada, revistada, pesquisada - merece, claro, e foi o que fez Alexandra Lucas Coelho (ver página 6). Mas a partir do W espiolha-se Barcelona, sem a cidade dar por nós. Divertimo-nos a olhar as proezas e os azares dos surfistas que desafiam o frio das águas no Mediterrâneo de Março ou os corajosos que decidem despir-se na praia num sábado em que as temperaturas não ultrapassam os 10 graus.

Localizado num dos extremos da baía de Barceloneta, o W-Barcelona tem provavelmente a melhor vista da cidade. Pelo menos de um dos lados. O hotel, em forma de vela, desenhado pelo arquitecto catalão Ricardo Bofill (fez em Portugal o Atrium Saldanha), tem 473 quartos. De um lado vê-se Barceloneta e grande parte da cidade. Do outro lado a vista é menos apelativa. O mar continua lá, mas não há praia. Vê-se o porto e Montjuic.

A dimensão colossal do hotel, com os seus 26 andares, não se sente lá dentro. No restaurante Bravo, gerido pelo cozinheiro Carles Abellan, que trabalhou vários anos com Ferran Adrià do famoso El Bulli, estruturas de madeira compartimentam o espaço. Quanto à comida, não há reparos. A qualidade é exemplar, a apresentação original e a quantidade q.b. Ao pequeno-almoço distinguem-se os sumos naturais, as frutas, a variedade de queijos e de enchidos.

Cá fora há uma piscina virada para o mar, integrada numa zona ampla de esplanadas. Sofás múltiplos e camas exteriores servem os aficionados do sol.

Apesar de luxuoso, a principal imagem do hotel é o design e a modernidade. Exemplo disso são os funcionários, sempre prestáveis, que nos abrem a porta do carro ou nos levam a mala até ao quarto. Mas aqui não há mordomos. São todos jovens, vestidos de forma informal, e apresentam-se mal nos abordam. Entre os serviços que se oferecem está o Whatever/ Whenever, que se diz capaz de concretizar todos os sonhos/ pedidos dos hóspedes, desde que legais, claro está.

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