Fugas - Viagens

Rui Gaudêncio

O que é que Barcelona não tem?

Por Alexandra Lucas Coelho

Tem mar, tem montanha, tem arte, tem luta. Tem gente de todo o mundo e uma língua própria. E à volta, toda a Catalunha. Numa cidade assim, cada dia é uma cidade diferente. A Fugas escolheu um dia a pé, com um pulo de metro no fim

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Do Arco ao Umbráculo

A Primavera ainda não está aí. E portanto, golas para cima, se querem começar cedo. Nove da manhã, parece-vos bem? Nove da manhã, digamos, no Arco do Triunfo.

A coisa portuguesa mais parecida com o Arco do Triunfo de Barcelona talvez seja a Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa, aquele capricho neomudéjar em tijolo vermelho. Mas o Arco do Triunfo não tem shopping center nem touros, e mais do que uma praça é uma alameda que se pode descer tranquilamente a pé ou de bicicleta. De resto, como em quase toda a cidade, há centenas de bicicletas alinhadas no passeio, prontas a serem alugadas, género ponha-uma-moeda-e-saia-a-pedalar.

Então, nove da manhã, aquele frio em que a respiração parece fumo, e cá vão os barcelonenses para o trabalho ou para a escola com a pinta de quem já nasceu em cima da bicicleta. E pelo meio, raparigas a correr de fato-de-treino, pais com crianças de mochila pela mão, belos cães a serem passeados. Atrás de nós a montanha, lá adiante o mar. Ontem choveu e o sol sobe à nossa frente fazendo brilhar tudo. Não se ouvem carros, ouvem-se pássaros, muitos.

O Arco de Triunfo foi construído para ser a entrada da Exposição Universal de Barcelona em 1888, o momento em que a cidade se afirma voltada para a ciência, para o futuro. Gustave Eiffel chegou a oferecer aos organizadores o projecto da sua torre, mas eles acharam-na cara e esquisita, e optaram por fazer o Arco. No ano seguinte Eiffel foi ter com os organizadores da Exposição Universal de Paris, e deu o resultado que se sabe até hoje. Nunca mais ninguém a arrancou do lugar.

Vários edifícios da exposição de 1888 em Barcelona não sobreviveram. Mas quem não saiba não nota. Descendo a partir do Arco, a alameda desemboca no Parque da Cidadela, e logo do lado direito há todo um esplendor em ferro e vidro.

É o Hivernáculo, um pavilhão feito para abrigar plantas tropicais. E lá estão as plantas, se espreitarmos. Mas só podemos mesmo espreitar, porque está fechado. De longe, parece novo e reluz. Mas ao perto tem algo de abandonado.

- Está há um ano e meio em obras - diz um dos trabalhadores do parque que vai a passar, com o seu impermeável e as botas cheias de lama.

Em compensação, as laranjeiras estão exuberantes, carregadas de fruta. É toda uma alameda com bancos para sentar, ao longo da fachada do Museu de Geologia. Não é preciso ver a placa com o nome do museu, porque do lado de fora estão expostos granitos, calcários, basaltos, alabastros de vários tons e géneros, trazidos de todas as partes da Catalunha.

E de pedra em pedra chegamos ao Umbráculo, quase gémeo do Hivernáculo, mas com a grande vantagem de estar aberto. Enquanto o Hivernáculo é para entrar luz, o Umbráculo é para fazer sombra.

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