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Samaná

Samaná Luís Maio

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Samaná: Praia e autenticidade na República Dominicana

As residências unifamiliares declinam o mesmo modelo singelo: são metade tijolos de cimento, metade ripas de madeira, cobertas por chapas de zinco reforçado com folhas de palmeira. Fazem pouco uso do vidro, mas em compensação não dispensam as grelhas em ferro forjado nos pátios e nas janelas.

Os estabelecimentos comerciais são tão ou mais precários, muitos simples barracas pintadas com desenhos e letras de fantasia popular. As mulheres andam de rolos de cabelo na rua, os homens não perdem uma oportunidade de jogar dominó, as crianças brincam descalças nas ruas. Toda a gente se reúne nos colmados, mercearias-botequins onde o que mais sai é cerveja Presidente e Bandeira, o prato nacional à base de frango, arroz e feijão.

A maior colónia de expatriados concentra-se em Las Terrenas, onde têm vindo a abrir pequenos negócios apontados ao turismo independente. O que é notável é que estes estabelecimentos alternativos não marginalizam, mas inserem-se sem descontinuidade no meio dos locais, produzindo uma salutar compressão e misturada na dezena de quarteirões que constituem o centro de estância.

Na mesma rua encontra-se um talho que vende frango ao livre ao lado, uma loja de material de mergulho, um restaurante italiano, uma livraria de bíblias, um bar de cocktails e uma carrinha que vende ao desbarato lotes de vestuário em algodão importados do Panamá. Esta invulgar harmonia do pitoresco e do cosmopolita terá os dias contados, mas por enquanto é ainda uma das delícias de Samaná.


Lutas de galos

O entretenimento número um do país. A luta de galos é o entretenimento número um na República Dominicana. Ganha, porém, especial relevância em áreas agrícolas como a Península de Samaná, onde constitui a principal, ou mesmo a única, diversão partilhada pela população masculina.

É uma coisa comunitária, de bairro ou de vizinhança, e há centenas de arenas semelhantes a praças de touros em ponto pequeno disseminadas por toda a província. Às sextas, e sobretudo aos domingos à tarde, é nestas "galleras" que marcam encontro os homens das redondezas, independentemente da cor da pele ou da classe social.

Chegam primeiro os criadores e treinadores das aves, que vêm cedo para encontrar o oponente mais conveniente para o seu bicho. Os potenciais duelistas vão primeiro para uma balança, depois são colocados frente a frente, para se compararem em altura e capacidade de resposta. Começa a discussão, as provocações, os insultos, as acusações de cobardia e até parece que são os donos dos galos quem se presta a defrontar-se no ringue. Estes preliminares constituem, no entanto, a parte mais pacífica do ritual.

Uma vez combinado quem vai à guerra com quem, os animais passam a ser armados para o efeito. Implica cortarem-lhes as esporas naturais e, no lugar destas, colarem-lhes às patas esporas artificiais (lacadas), de modo a que nenhum parta em vantagem sobre o outro. Tudo isto se passa num terreiro ao ar livre, mas coberto, à entrada do redondel, onde finalmente se entra (bilhetes a dois euros, cortados pelo polícia de serviço no local) já ao entardecer.

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