“Uma grande honra”, disse à Fugas Apolónia Rodrigues, a principal mentora do programa Dark Sky Alqueva – que foi a primeira reserva do mundo do género a ser reconhecida pela Unesco – após receber a distinção correspondente ao segundo lugar nos prémios da Organização Mundial do Turismo. “É extraordinário que, com tantos projectos que ficaram pelo caminho, um projecto num país pequeno como Portugal mereça [este] destaque a nível mundial”, comentou a responsável.
A reserva portuguesa, projecto que une as paisagens e “limpeza” dos céus alentejanos ao turismo da astronomia e da astrofísica, foi distinguida com um prémio Ulysses na categoria de Inovação em Organizações Não-Governamentais, com o primeiro lugar a ser atribuído à Borneo Ecotourism Solutions and Technologies Society da Malásia.
O prémio foi entregue a Apolónia Rodrigues numa cerimónia que decorreu em Madrid, esta quarta-feira, no âmbito da Fitur, a grande feira internacional de turismo que decorre na capital espanhola. Rodrigues – também presidente da organização na génese do projecto alentejano, a Genuineland – espera que, com o “aumento de credibilidade” e “reconhecimento” que este prémio traz, seja possível “transmitir a qualidade do céu luso a mais pessoas”.
E, em simultâneo, facilitar o acesso a mais apoios para prosseguir com projectos já em desenvolvimento como a criação de um observatório no território nacional, de forma a alargar a componente turística da reserva e “investir mais na componente científica”, ou ainda desenvolver o Parque do Céu e dos Lugares Místicos - destinado a valorizar a arqueoastronomia enquanto potencial turístico – ou as Rotas das Oliveiras Milenares.
Em comunicado, a organização da Dark Sky Alqueva destaca o “trabalho em equipa” e o “contributo de inúmeros peritos” dos municípios, “com destaque para Reguengos de Monsaraz”, e dos “Membros da Rota Dark Sky” que têm “ajudado a Genuineland – Turismo de Aldeia a chegar mais longe com este programa”. Um projecto que já tinha sido considerado pela Comissão Europeia como caso de inovação e boas práticas e que foi “apadrinhado” pelo Turismo de Portugal e pela secretaria de Estado do Turismo, prosseguem, que deram o seu “apoio institucional a esta candidatura ao Prémio Ulysses”.
Entre os vencedores das distinções atribuídas pela OMT contam-se ainda, na categoria Inovação para Políticas Públicas e Governação, o Projecto de Turismo Responsável de Kumarakom, pelo Departamento de Turismo do Governo de Kerala, na Índia. O primeiro prémio de Inovação em Investigação e Tecnologia foi para a 3D AR Visual Portal, DSP Studio & Momentum Studio, na Croácia. O prémio de Inovação nas Empresas foi para a francesa Biplan, empresa na Normandia que desenvolveu uma aplicação que “transporta os visitantes para o porto de Arromanches” em 1944 durante a II Guerra Mundial.
De acordo com declarações da organização na sua página online, os nomeados deste ano deram “excepcionais e inovadoras contribuições ao sector do turismo”. Para cada uma das quatro categorias, o júri dos prémios tinha seleccionado três finalistas.
Para além de tudo, o importante nos Ulysses, como resume Apolónia Rodrigues é tanto o “reconhecimento” e o “mérito” como a possibilidade de “colaborar de forma mais estreita com a Organização Mundial de Turismo” ou mesmo tornar-se um “case study”.
Da cerimónia resultou ainda a assinatura de um protocolo de código de ética com a OMT e a certeza de que a organização irá “seguir os melhores” e trabalhar com eles.
O Alentejo posiciona-se assim cada vez mais na rota mundial do astroturismo. Ainda recentemente, e também graças a Apolónia Rodrigues, em colaboração com Eduardo Fayos-Solà, presidente da Fundação Ulysses e antigo secretário-executivo na Organização Mundial do Turismo, foi lançada em Évora a The Astrotourism Society, uma associação internacional que pretende “fomentar o aprofundamento do conhecimento e a componente emocional da ciência (astronomia e astrofísica) utilizando o turismo como instrumento.”