Fugas - restaurantes e bares

Luís Ramos

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Brancos refrescam ainda mais ao ar livre

After work

É quando o sol começa a desaparecer no horizonte que o vinho normalmente começa a sair para as mesas. No Verão, nas esplanadas, o horário de presença é mais alargado no Majestic, depois das 12h já é regular, mas no centro das cidades, à margem dos movimentos turísticos, é depois das 18h que o vinho faz a sua aparição em força, juntamente com as multidões que saem do trabalho para as esplanadas. No resto do ano, esta é uma conquista que muitos bares parecem determinados em prolongar: conquistar o "after work" tão popular lá fora, sobretudo com a aposta nos vinhos.

A filosofia é simples: terminado o dia de trabalho, por que não passar por um bar, tomar algo com os amigos? É esta ideia que traz Francisca Costa ao Candelabro muitos fins de tarde. "Nada melhor do que sair do trabalho e beber um copo de vinho branco" o copo já vazio atesta-o "o tinto fica para mais tarde". "Passo por aqui, encontro sempre alguém e fico conversar, com uns salgadinhos."

Já a noite está instalada quando deixa o Candelabro. O mesmo se passa com Rui Sousa e Silvana Ribeiro. Há um mar de copos altos na esplanada, antes cheios do "vinho do dia". "Curiosamente, nenhuma garrafa", nota Silvana Ribeiro. Mesmo quando estão imensos na mesma mesa. "Por que é que as pessoas não dividem uma garrafa se bebem todas do mesmo?", reflecte. Talvez essa seja a nova fronteira do vinho: deixar a moda do copo e assumir-se de corpo inteiro.

Wine bars

Era uma garrafeira e continua a sê-lo. Mas alargou a sua vocação e alguns dos vinhos que preenchem as estantes das suas paredes são os mesmo que enchem os copos das mesas com que se veste à noite. Era uma "ideia antiga", conta Sofia Bonito, filha do proprietário, que a conjuntura nacional ajudou a concretizar: "É necessário dar uma projecção nova aos negócios". E assim o armazém da avó, que começou por ser de bacalhau e vinhos do Douro, passou a garrafeira e agora é também "wine bar" no futuro talvez uma loja gourmet. Tudo na lógica de dar evolução ao negócio familiar. Na Rua da Conceição, a Garrafeira António Monteiro dos Santos tornou-se um "wine bar" nas noites de quinta-feira a sábado, entre as 21h30 e as 02h00. Bem no epicentro da movida portuense, facto que não é alheio à decisão: "Este é cada vez mais um ponto de encontro da cidade", explica Sofia Bonito.

As noites da garrafeira-feita-bar passariam quase despercebidas pelas luzes suaves que as iluminam, não fossem os clientes que se vão aglomerando à porta, nas pausas para cigarros. Lá dentro, umas quantas mesas, de vários formatos com um vago estilo rústico, velas pousadas, enchem-se de copos de vinho, de garrafas e de taças de snacks que acompanham os pedidos vemos a lista extensa e pede-se opinião. Dada de acordo com o quanto se quer gastar (desde um "bag in box" muito bom) ou o que saberá melhor na ocasião.

Não é negócio de família, mas quer ser uma família o "Wine Element" que Luís Castro idealizou e concretizou em parceria com a João Portugal Ramos e a beBusiness: uma rede de "wine bars", a primeira, anunciam, em regime de "franchise", que foi apresentada na Expo Franchise, há duas semanas. A ideia é simples criar unidades onde se servem vinhos e tapas, unidades que podem ser autónomas, construídas de raiz, ou implantadas em espaços existentes (bares, museus, livrarias.) e, considera Luís Castro, está perfeitamente imbuída do espírito do tempo. "Há várias tendências que justificam esta rede", explica: desde logo, o "contexto económico" com o consumo a baixar, os wine bars podem funcionar como unidade de substituição, "em vez de jantar, faz-se um final de tarde", com queijo, presuntos e outros produtos portugueses de charcutaria"; depois, o "after work", um hábito que parece querer assentar definitivamente, faltando, no entanto, "espaços fixos" para isso; e, para terminar, o mais importante, o próprio vinho, a despertar cada vez mais curiosidade nos portugueses, que "adoram vinho, mas não o conhecem bem".

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