Fugas - restaurantes e bares

Adriano Miranda

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A Norte dizem que "boas, boas, só lá para o S. Pedro"

Apesar do estilo despretensioso, é igualmente evidente o critério na escolha de azeites e na oferta de vinhos, curta mas com muito boas opções. Um aviso: não procure peixes à segunda-feira. Como os barcos não se fazem ao mar no fim-de-semana, neste dia a ementa reduz-se a um avermelhado arroz de polvo (seco) que acompanha os filetes do mesmo.

Mantendo-nos em frente ao mar, mas rumando um pouco mais para Norte, há na vila piscatória de Caxinas (rua do Cordoeiro, 128), em Vila do Conde, O Pescador, uma espécie de restaurante onde se comem também boas sardinhas. Ou melhor, bem assadas, já que em terra onde praticamente não há senão gente do mar, é claro que ninguém ousa sequer tentar apresentar sardinha que não corresponda ao mínimo de qualidade.

E dizemos uma espécie de restaurante, já que se trata de um espaço que não sendo tasca nem café tem uma dezena de mesas onde servem grelhados, essencialmente peixes, para além de bacalhau e fêveras. Em ambiente marinheiro, fica mesmo a par do mercado local e no espaço fronteiro há redes e bóias de pescadores, mas também estendais onde, entre a roupa, se vêem peixes espalmados pendurados ao sol.

Para além da qualidade das sardinhas, o segredo parece estar na grande braseira que está logo ali à entrada, por detrás do balcão. O ambiente é simples e serviço a condizer.

Percorrendo a modernizada avenida marginal, a lota e o porto de pesca da Póvoa de Varzim estão logo ali à frente, mas a cidade parece teimar em ter poucos espaços especializados na cozinha de peixe. Para as festas de São Pedro, como já vai dito, os pescadores locais fazem gala de ter sempre as melhores sardinhas, mas há também um velho restaurante que há muito cultiva esse prazer. A Churrascaria Ibérica, na Rua Gomes Amorim, nº 103 (que não quis ser fotografada para a Fugas), parece ter fama e proveito de servir sardinha assada segundo os melhores cânones. Provámo-las e confirmámos, se bem que tenhamos sido logo avisados de que "ainda não está bem no tempo delas". Mesmo assim, uma por outra deram já boa conta de si, com a gordurinha necessária e a deixarem-se amavelmente desfazer do capote de escamas com a adequada envolvência de sal grosso. Batata cozida e pimento assado a acompanhar, complementados por uma adequada salada de tomate coração de boi salpicada com sal grosso.

Digamos que, para o melhor e para o pior, esta é uma casa de estilo clássico. É que, se o peso da tradição se nota no trato culinário, não deixa de notar-se também na oferta de vinhos e no estilo do serviço onde um pouco actualidade viria mesmo a calhar.

Pormenores de modernidade são o que não falta na Tasca do Gomes, em Amorosa, Viana do Castelo. A designação só pode pretender evocar um lado castiço que o espaço terá tido antes, mas que já não existe de todo. A não ser na arquitectura rudimentar dos espaços de comércio e habitações de pescadores envolventes.

Da apresentação ao serviço, o restaurante funciona e está apetrechado de forma elegante e confortável, oferecendo cozinhados de peixes e mariscos de certa elaboração. Os preços, diga-se, não se ficam também atrás das pretensões da casa.

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