Fugas - restaurantes e bares

  • Shis - Porto, praia do Ourigo
    Shis - Porto, praia do Ourigo Lara Jacinto/nFactos
  • DOC - Armamar, Folgosa
    DOC - Armamar, Folgosa Manuel Roberto
  • Retiro da Ponte - Vilar de Mouros
    Retiro da Ponte - Vilar de Mouros Paulo Pimenta
  • Cafeína Wine & Tapas - Porto
    Cafeína Wine & Tapas - Porto DR
  • Restaurante Cais da Ferradosa - Vale Figueira - S. João da Pesqueira
    Restaurante Cais da Ferradosa - Vale Figueira - S. João da Pesqueira DR
  • Rota das Sedas - Lisboa
    Rota das Sedas - Lisboa Rui Gaudêncio
  • Cafetaria Mensagem - Altis Belém, Lisboa
    Cafetaria Mensagem - Altis Belém, Lisboa Carlos Manuel Martins
  • Fins Club - Cascais, Alcabideche
    Fins Club - Cascais, Alcabideche DR
  • Sueste - Lagoa
    Sueste - Lagoa DR
  • Restaurante Praia da Arrifana - Aljezur
    Restaurante Praia da Arrifana - Aljezur DR

O Verão também sabe bem à mesa

Por José Augusto Moreira e Fortunato da Câmara

São dez escolhas pelo país inteiro, do Minho ao Algarve, para saborear melhor o tempo quente. Mesas com vista e comida a condizer com paisagens à beira-mar ou à beira-rio.

Shis
Instalado na emblemática praia do Ourigo, mesmo ao lado do paredão da foz do Douro, o Shis é um dos mais requisitados restaurantes da nova vaga portuense. Mas, mais do que a localização sobre o mar, o sucesso parece sustentado numa cozinha cosmopolita, consistente, saborosa e com toques de requinte, que tanto pode abarcar os sabores tradicionais como as tendências mais actuais, incluindo a japonesa. O ambiente é igualmente moderno e cosmopolita, uma característica que é comum aos projectos do arquitecto Paulo Lobo. O espaço é amplo e o mar como que entra pelos amplos janelões, por efeito do grande espelho que ocupa a parede do fundo a reflectir a espuma e agitação das ondas atlânticas. À segurança da cozinha de António Vieira haverá que juntar uma carta de vinhos ampla e com oferta diversificada de serviço a copo. Outro dos atractivos deste espaço é a esplanada contígua e o horário alargado, já que funciona ininterruptamente desde o meio-dia até à uma da manhã. Apesar de aberto ainda há menos de cinco anos (que completa neste Verão), o Shis é já uma espécie de lugar obrigatório no roteiro portuense da modernidade, pelo que será sempre prudente a marcação antecipada. José Augusto Moreira

DOC
Com uma localização fantástica sobre o rio Douro, o DOC não só abriu novos horizontes para a região como é já parte integrante do seu património. E tudo isto em escassos cinco anos. O edifício, de linhas modernas, foi edificado sobre as águas do rio, num complexo que inclui um ancoradouro. Com ampla fachada envidraçada voltada para a água, acede-se ao interior por um vasto deck que funciona também como esplanada. Na frente apenas um manto de água e, na outra margem, a quietude dos vinhedos em socalcos e, de quando em vez, o comboio a rasgar a paisagem. Apesar do bucolismo envolvente, o DOC é um restaurante onde é notória a sofisticação, da cozinha ao conforto da sala. E esse foi o rasgo de génio do chef Rui Paula, que aos produtos e pratos de raiz local soube associar os conceitos de modernidade e preparação elaborada. Produtos de origem local como o cabrito, as carnes de porco, cogumelos, favas e o azeite ganham um protagonismo especial graças à elaborada cozinha de Rui Paula, que sabiamente lhes juntou a técnica e alguns complementos da grande cozinha internacional. Além dos sabores apurados e dos cozinhados de origem local, o DOC apresenta hoje também pratos com o cunho da mais sofisticada cozinha internacional. E esse, a par da localização, é o grande aliciante: algures entre a Régua e o Pinhão e com uma oferta ao nível dos melhores e mais cosmopolitas. José Augusto Moreira

Retiro da Ponte
A coberto de verdejantes prados, luxuriante vegetação e o remanso das águas do rio Coura, o Retiro da Ponte é um abrigo gastronómico igualmente capaz de dar prazer e satisfação ao estômago. O nome vem-lhe da localização, já que fica mesmo ao lado da velhinha ponte de Vilar de Mouros, a localidade minhota que se tornou famosa pelos festivais de música. Pela localização e pela aprazível varanda que avança até à margem sobre choupos e amieiros, este é um lugar onde sabe bem estar no Verão. A casa em pedra, que mantém intacta a traça exterior a denunciar antigos usos agrícolas, foi cuidadosamente recuperada e adaptada às novas funções. O espaço é confortável, de concei-to moderno e elegante. A cozinha apoia-se no receituário regional com alguns apontamentos de modernidade e o serviço segue também as tendências mais actuais. Contida na sua amplitude, a lista oferece opções sensatas, onde se destacam o bacalhau, o polvo assado ou o cabrito assado no forno. Na memória de uma passagem em tempos de Inverno ficou-nos uma saborosa açorda de alheira (servida dentro dum pão) e o rabo de boi estufado. E também uma tarte de laranja de confecção caseira. Além da localização privilegiada, louve-se também a oferta que valoriza a cozinha regional. José Augusto Moreira

Cafeína Wine & Tapas
Uma antiga mercearia em jeito de loja gourmet e tasquinha moderna que representa o lado mais cool e descontraído da cosmopolita Foz Velha. Situada na esquina formada pelas ruas do Padrão e do Marechal Saldanha, onde no Verão se pode desfrutar da esplanada instalada no amplo passeio arborizado. Além de prevenir eventuais surpresas do tempo, as protecções laterais em vidro transparente e toldo de cobertura conferem o ambiente de conforto e resguardo. Cadeiras de lona e umas mesinhas de madeira quadradas a convidar para a lógica do petisco. Sim, não se trata propriamente de um restaurante (está ali ao lado, no Cafeína), mas antes de um espaço dedicado às pequenas porções em jeito de petisco, as popularizadas tapas à espanhola. Para as horas de refeição há também um menu do dia, a par de alguns pratos fixos como salmão assado, bacalhau com broa, vitela confitada ou folhado de pato. A par dos queijos, saladas, enchidos ou conservas da loja gourmet - que também se podem degustar - a variedade da oferta de vinhos é outro dos aliciantes, já que na sua grande maioria são servidos a copo. José Augusto Moreira

Restaurante Cais da Ferradosa
O mais difícil é mesmo o caminho mas, uma vez chegados, a natureza compensa. O antigo cais da Ferradosa, na linha ferroviária do Douro, deu lugar a um espaço de bar e restaurante com um dos enquadramentos mais deslumbrantes. O espaço foi criteriosamente recuperado pelo município de São João da Pesqueira, que manteve a evocação ferroviária e criou uma bela esplanada sobranceira ao rio. Por ali foi igualmente construído um ancoradouro para os barcos que cada vez mais povoam o curso fluvial. Os actuais proprietários praticam uma cozinha de base regional, saborosa, com produtos genuínos e de criteriosa confecção, mas que exige repouso após a refeição. Tudo a condizer, portanto, com as solicitações da envolvente. Além da sinuosa estrada (N222-3) que liga à sede do concelho, mas sempre por entre a beleza dos vinhedos do Alto Douro Património Mundial, pode-se também chegar à Ferradosa por comboio ou de barco. Em ambos os casos passeios de beleza única, com a vantagem de que o restaurante proporciona toda a logística. Basta ligar. Além disso, há também passeios pedestres ou de todo-o-terreno pela área envolvente. Como se vê, uma refeição com programa para todo o dia. E o Douro é maravilhoso! José Augusto Moreira

Rota das Sedas
É um edifício centenário e discreto na rua que liga o Largo do Rato ao Jardim do Príncipe Real. Já foi uma antiga fiação de sedas, uma escola primária e um atelier de decoração de interiores. Desde o Verão passado, o novo destino do espaço está traçado pela Rota das Sedas, um dos restaurantes mais luminosos e elegantes da cidade. O novo foco gastronómico da Rua da Escola Politécnica traz no nome a memória da antiga fábrica têxtil, com a leveza da seda a dar o mote para uma decoração fresca e acolhedora. O restaurante funciona num primeiro andar, mas as escadas de acesso têm uma cadeira elevatória, o que é um ponto importante para que todos possam usufruir sem obstáculos do terraço aprazível e bem decorado que surge como uma extensão perfeita da harmonia existente nas salas interiores. O menu tem pratos recomendáveis como a "raia com puré de curgete e aipo e legumes salteados" ou uma estimável "empada de perdiz, com legumes glaceados e maçã", enquanto os vegetarianos podem optar pelos "gnocchi de beterraba, espargos e nozes". Igualmente tentador é tomar o saboroso brunch domingueiro com a sinfonia dos passarinhos em fundo, e descer do terraço até ao jardim para relaxar mais um pouco. O espaço repleto de árvores de várias espécies que fazem a sombra ideal para uma tarde de Verão tem até um recanto onde as crianças podem jogar à "macaca" num tapete de relva sintética. Felizmente há novas rotas dentro de Lisboa.
Fortunato da Câmara


Cafetaria Mensagem

Em tempos, a "mensagem" dos cristãos portugueses, proclamada por Tristão da Cunha em nome do rei D. Manuel, impressionou o Vaticano com a sua vistosa embaixada. Dessa manifestação patriótica no século XVI surgiu a ideia de chamar Mensagem a um dos espaços de restauração do requintado Hotel Altis, em Belém. Está visto que a mensagem aqui é mais dedicada aos prazeres da mesa numa magnífica esplanada virada para o rio e a Doca do Bom Sucesso. O menu tem uma oferta ligeira e refrescante de sushi e ostras portuguesas de origens sadina e algarvia. Bem a propósito para a época é a lista de tapas baseada em cada selecção do Euro 2012. Há também meia dúzia de meses, cumprindo agora o seu primeiro Verão. Os atributos  são valiosos .  A discrição do local dentro de uma pequena e charmosa unidade hoteleira serrana não faz adivinhar a vista esplêndida que se tem sobre Cascais e o mar do Guincho. O repousante alpendre onde a sala de refeições se encontra permite olhar com tranquilidade para o vale arborizado que desliza até ao Atlântico. Serviço irrepreensível para saborear um menu da autoria de Steven Snow, um conceituado chef australiano especializado em peixes e mariscos. Nesta aventura lusa em que o cozinheiro foi desafiado pelo empresário alemão Viktor Geschwender podem encontrar-se sabores do Norte de África numa tajine de peixe local marinado em chermoula, ou um sambal de origem asiática a dar o toque picante a um prato mauritano com polvo, peixe, vieiras e arroz em folha de lótus, sem esquecer uma deliciosa bavaroisea possibilidade de escolher entre diversas opções de pratos como o "gaspacho alentejano com salada de bacalhau e tosta de pão com alho", a sopa "vichyssoise de couve-flor com salmão chapeado", uma "garoupa corada com açorda de camarão e pack choi" ou um "bolo de cenoura e nozes com gelado de gengibre". Outra alternativa é degustar longamente o completo brunch de domingo com o Tejo emoldurado no horizonte. Fortunato da Câmara

 

Fins Club
É tão recente que quase tem permanecido no anonimato. O Fins é um restaurante que combina diversos estilos de cozinha, num registo internacional e de fusão, e que abriu há meia dúzia de meses, cumprindo agora o seu primeiro Verão. Os atributos são valiosos. A discrição do local dentro de uma pequena e charmosa unidade hoteleira serrana não faz adivinhar a vista esplêndida que se tem sobre Cascais e o mar do Guincho. O repousante alpendre onde a sala de refeições se encontra permite olhar com tranquilidade para o vale arborizado que desliza até ao Atlântico. Serviço irrepreensível para saborear um menu da autoria de Steven Snow, um conceituado chef australiano especializado em peixes e mariscos. Nesta aventura lusa em que o cozinheiro foi desafiado pelo empresário alemão Viktor Geschwender podem encontrar-se sabores do Norte de África numa tajine de peixe local marinado em chermoula, ou um sambal de origem asiática a dar o toque picante a um prato mauritano com polvo, peixe, vieiras e arroz em folha de lótus, sem esquecer uma deliciosa bavaroise de ruibarbo, com espuma de lima kaffi regelado de baunilha. Os ingredientes utilizados são anunciados como sendo biológicos, como é visível no "porco biológico com gambas, salada de papaia verde e nam jim [molho tailandês] ", um dos pratos do menu de degustação. Um segredo estival a visitar sem pressas. Fortunato da Câmara

Restaurante da Praia - Arrifana
As palavras são curtas para enquadrar a beleza desta praia da Costa Vicentina. A Arrifana é conhecida pelas arribas que a abraçam e formam uma baía de beleza selvagem. Pode ter-se uma visão esplendorosa da arriba descendo abajo a estrada profunda e curvilínea que leva até ao areal, e sem pousar o pé no chão granuloso ficar no varandim do restaurante da praia. Peixe fresco para grelhar, picanha na grelha, moreia frita, polvo suado ou feijoada de choco são algumas das especialidades que pode encontrar. Os crepes doces ou salgados também são hipótese para um lanche ou uma refeição ligeira. Após um dia de praia, a esplanada convida a preguiçar em volta de petiscos como os pimentos assados com alho e azeite, as torradas com tomate e queijo de cabra ou as cascas de batata-doce fritas (as de Aljezur têm Indicação Geográ-fica Protegida), tudo entremeado com dois dedos de conversa. Se o marulhar das águas não permitir veleidades balneares, os surfistas preenchem o postal marítimo explorando outro dos atributos da Arrifana, as ondas. O ambiente do restaurante é descontraído e de praia, como o nome indica, e ao jantar até se podem apanhar algumas noites animadas com música ao vivo. Fortunato da Câmara


Sueste

Não será difícil encontrar poisos de eleição na nossa região de veraneio por excelência, mas há lugares que conseguem um equilíbrio interessante na equação difícil de ter uma refeição agradável, sem um preço desmesurado e com uma paisagem cativante. Num Algarve cada vez mais cosmopolita, o Sueste fica timidamente no extremo do antigo cais de Ferragudo com a marina de Portimão e a foz do rio Arade à distância de um olhar. Em instalações despojadas de grandes arrebiques decorativos mas funcionais e práticas, o peixe é rei. À mesa pode chegar o cantaril, o pregado, o goraz, o salmonete e outros exemplares frescos depois de serem tratados na grelha com dedicação e cuidado. Nas entradas, o xerém, a sopa de lingueirão ou as amêijoas à Sueste são opções a ter em vista. Aos domingos a feijoada de buzinas é também protagonista no menu. A doçaria regional algarvia também integra a oferta com a tarte de alfarroba a fazer parte dos doces emblemáticos. É um pequeno mimo, mas não deixa de ser simpático o restaurante ter uma lancha que atravessa a foz do rio Arade em escassos minutos, para ligar as duas margens. É só combinar a hora e o local de embarque no momento da reserva. Fortunato da Câmara

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