[A reacção dos chefs portugueses: "Trabalhamos todos os dias para ser cada vez melhores"]
Passam a ser 14 as moradas portuguesas recomendadas pelo prestigiado Guia Michelin em 2015, constituindo um recorde absoluto para Portugal desde que a classificação existe e que perfazem agora um total de 17 estrelas no influente guia de restaurantes.
O Belcanto, de José Avillez, em Lisboa, ascende à segunda estrela, conseguindo o feito de ser a primeira vez que a capital portuguesa tem um espaço com este nível de classificação do guia – até hoje apenas tinham existido restaurantes com uma estrela na cidade. O trabalho de José Avillez e do seu chefe de cozinha David Jesus tem sido seguido com atenção pelo inspectores do guia desde que a dupla se juntou no restaurante Tavares. Na edição de 2013, o Belcanto recebeu a primeira estrela com pouco mais de seis meses de abertura, uma vez que o espaço foi inaugurado em Janeiro de 2012 e as classificações ficam decididas anualmente em Julho.
A sul, o Algarve volta a contar com o São Gabriel na “constelação” do guia, com Leonel Pereira a receber a sua muito desejada primeira estrela para o restaurante de Almancil. As mudanças de proprietário e de chef de cozinha foram alterações drásticas que o guia não costuma deixar passar por poderem pôr em causa o projecto da casa, o que levou à perda da estrela em 2014. No entanto, a reentrada no guia para 2015 é a confirmação inequívoca do trabalho que o cozinheiro algarvio tem vindo a desenvolver nos últimos anos.
A noite ainda reservava outra surpresa, com a atribuição da primeira estrela a Pedro Lemos, que dirige o seu restaurante homónimo no Porto. Tal como aconteceu o ano passado com o L’And, em Montemor-o-Novo, a publicação gaulesa gosta de surpreender e por isso a estrela para o jovem cozinheiro é mais uma boa e inesperada notícia para juntar a outras que a Invicta tem somado no turismo internacional.
Todos os restaurantes que receberam estrelas na edição do ano passado mantiveram-nas.
O presságio geral para o país era bom. Bastava ler, há alguns dias, as declarações de Ángel Pardo Castro, da Michelin, ao jornal Diario Sur: “Vai haver muitas novidades”, disse, acrescentando ainda que entraria “em jogo muita gente jovem”. O responsável de relações exteriores da empresa francesa para a Península Ibérica referiu ainda que os restaurantes classificados nesta edição “estão muito repartidos em termos geográficos”.
Este sinal de “rejuvenescimento” do guia já vinha sendo dado nos últimos dois anos, quando os inspectores atribuíram as três estrelas a Eneko Atxa, do Azurmendi, e a David Muñoz, do Diverxo. Jovens cozinheiros de visual pouco comum para os padrões mais conservadores do guia, a fazerem-se notar pelas tatuagens que exibem ou corte de cabelo estilo punk de Muñoz, mas que na cozinha põem essa irreverência ao serviço dos sabores, criando pratos que não deixaram indiferente a publicação gaulesa.
Do lado espanhol não houve nenhuma novidade nas “três estrelas”, mantendo-se assim os oito espaços que já figuravam no ano anterior. Em Cádiz, o Aponiente é o novo “dois estrelas” do guia, enquanto dezanove restaurantes chegaram à categoria “uma estrela”, reflectindo a tal onda de juventude que se anunciava em regiões dispersas por toda a Espanha.