A rainha Noruega
Começa a haver algum movimento em direcção ao auditório. Os prémios vão ser anunciados em breve. Horas antes, o júri, presidido pelo chef norte-americano Grant Achatz, do Alinea, em Chicago, estivera sentado no palco provando cada um dos pratos concorrentes. À hora marcada cada equipa avançava transportando um elaborado tabuleiro de espelho com as delicadas peças de comida dispostas como se fossem uma escultura. Depois era composto um prato para cada membro do júri, que observava e provava com toda a atenção — o rosto ampliado nos ecrãs gigantes e observado com ansiedade pelo público.
Chegada a hora do anúncio dos prémios, a impaciência aumenta na sala, e a música dos grandes momentos faz subir ainda mais a expectativa. Os apresentadores pedem ao público que grite pelas 24 equipas enquanto estas entram no palco com o chef à frente agitando uma enorme bandeira. Jerome Bocuse, o filho de Paul Bocuse, fala, emocionado, em nome do pai que, aos 88 anos, não pode estar presente.
Os envelopes abrem-se. O Prémio Especial Peixe vai para o Japão, e para o chef Hideki Takayama, do Maison de Gill Ashiya, em Rouen, França. As colheres batem umas nas outras como se fossem castanholas e os rostos dos japoneses presentes iluminam-se com grandes sorrisos.
O Prémio Especial Carne vai para a Finlândia, que agita no ar as suas bandeiras em honra do chef Matti Jämsén (restaurantes G.W. Sundmans e Sundmans Krog). O Bocuse de Bronze vai para a Suécia, representada por Tommy Myllymaki, do Spira. O de Prata (anunciado por Grant Achaz), para os Estados Unidos — são poucos os americanos na sala, mas gritam como se fossem uma multidão, festejando a vitória de Philip Tessier, sub-chef do The French Laundry, Califórnia.
Finalmente, o momento mais aguardado. A música aumenta de ritmo, o apresentador mantém o suspense, o envelope é aberto com sádica lentidão. E o grande vencedor é… a Noruega, e o chef Orjan Johannessen, do restaurante Bekkjarvik Gjestgiveri. Há uma explosão de alegria na sala. Vikings abraçam-se deixando cair no chão os capacetes com cornos, lágrimas correm pelos rostos, borrando a pintura azul, vermelha e branca. Pela quinta vez o Bocuse d’Or é norueguês. Só há um país que o recebeu mais vezes até hoje: a França.
A Fugas viajou a convite da Nespresso