Fugas - restaurantes e bares

LEON NEAL/AFP

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Roca n’roll número 1

José Avillez, que não era para estar em Londres, acabou por se deslocar à capital britânica e mostrava-se visivelmente satisfeito: “Não esperava, mas é muito bom, claro. É mais uma vez o reconhecimento do trabalho que temos vindo a desenvolver”, disse à Fugas. O chef português referiu ainda, em relação ao Vila Joya, que a queda nada tinha a ver com a qualidade do restaurante que, na sua opinião, “até está muito melhor”.

Também Dieter Koschina, chef do restaurante algarvio, e uma presença habitual na cerimónia, não parecia muito afectado: “Olha, estamos a trabalhar bem e temos o restaurante cheio. Isso é que é importante”, referiu-nos com o mesmo sorriso de sempre .

As declarações de Koschina e Avillez foram feitas no pátio do Guildhall, a histórica sala de cerimónias do município londrino, onde se realiza o evento. É aqui que se concentram imprensa, chefs e outras pessoas do meio gastronómico, que aproveitam o momento para conviver e fazer (ou recolher) declarações. Uma das personalidades mais procuradas era obviamente René Redzepi, do Noma, que, ao perguntarem-lhe como seria se não repetisse o primeiro lugar da edição anterior, respondeu, de uma forma muito própria: “Isto é tudo uma questão de ganhar ou perder. E se perdes, tens de ganhar novamente.”

Contagem decrescente

Depois do período de convívio no exterior e do cocktail de recepção, os presentes foram convidados a ocupar os seus lugares na sala principal, onde, por volta das 20h, se daria inicio à cerimónia.

Aparentemente, o rejuvenescimento da lista de jurados fez cair alguns históricos, um movimento que nem a reentrada de Alain Ducasse au Plaza Athénée (n.º 47) atenuou. Por exemplo, Thomas Kelly viu os seus restaurantes French Laundry (50.º) e Per Se (40.º) ficarem muito abaixo do que provavelmente esperava e Martin Berasategui ou Daniel Bolud nem sequer já fazem parte do top 50. O chef francês radicado há muitos anos em Nova Iorque teve mesmo dificuldade em esconder a azia. “Há 45 anos, quando muitos de vocês aqui presentes nem eram nascidos, estava eu a começar a minha carreira em Lyon”, referiu ao subir ao palco para receber o prémio de consagração de carreira.

Quem subiu igualmente para receber o troféu de melhor chef feminina do ano foi Hélène Darroze. Muito aplaudida, a chef francesa comunicou que em breve o seu restaurante de Paris teria mais mulheres a trabalhar na cozinha do que homens.

Por esta altura já tinha sido anunciada a subida do Tickets ao 42.º lugar (Albert Adrià ganharia ainda o prémio de melhor chef de pastelaria), a agradável surpresa da entrada do Boragó, (Santigo do Chile), para 42.º e a ligeira queda do Maní, de São Paulo, de 36.º para 41º.

O White Rabbit em Moscovo protagonizou a maior entrada nos 50, ao ficar na 23.ª posição e o México — país que está a investir em força na promoção da sua alta gastronomia — entrou com dois novos restaurantes na lista, o Biko (37.º) e Quintonil (35.º), que se juntaram ao Pujol de Enrique Olvera, que subiu para a 16.ª posição.

Grande destaque, igualmente, para o Asador Etxebarri, do chef Victor Arguinzoniz, no País Basco espanhol, com um brilhante 13.º lugar, e para o seu vizinho Azurmendi, de Eneko Atxa, que subiu de 26.º para 19.º.  O Mirazur, do argentino Mauro Colagreco, em Menton, no Sul de França, continua a ser o restaurante francês mais bem classificado na lista, em 11.º, e o austríaco Steirereck (Viena) foi uma das raras excepções da Europa Central a escapar ao desastre, ao subir uma posição, para o 15.º lugar.

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