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Se há tantos tomates, porque é que comemos sempre os mesmos?

Por Alexandra Prado Coelho

Na Quinta do Poial, em Azeitão, Maria José Macedo cultiva mais de 50 variedades de tomate. Agora que o Verão chegou, é tempo de ir descobrir a que sabe, realmente, este fruto de mil formas e cores.

Sim, já há tomates, mas daqui a uma ou duas semanas vai haver muito mais, diz Maria José Macedo quando lhe ligamos a perguntar se é boa altura para falar de um dos grandes prazeres de Verão. Não faz mal, este texto não pode esperar e por isso arrancamos para a Quinta do Poial, em Azeitão, para ver os primeiros tomates, que Maria José já começa a vender no Mercado Biológico do Príncipe Real todos os sábados de manhã.

Não ficamos desiludidos. Das 50 variedades (no mundo cultivam-se perto de 7500) que crescem no hectare e meio que esta agricultora biológica tem aqui, muitas estão já a dar fruto. Maria José caminha por entre os carreiros e vai afastando as folhas dos tomateiros de trepar e depois dos rasteiros. E lá aparecem os tomates, todos diferentes. Há grandes, pequenos, redondos, compridos, vermelhos, amarelos, verdes e até pretos.

Maria José vai encomendando sementes diferentes ou usando as que recebe de alguns clientes e experimenta. Alguns destes tomates estão a nascer no Poial pela primeira vez e nem ela sabe exactamente o que vai sair dali. Outros já conhece bem, sabe ver quando estão maduros, prontos a colher, o que não tem nada a ver com a cor, porque há, por exemplo, os que são sempre verdes mesmo depois de amadurecidos.

A ideia de um tomate perfeito, redondo e de um vermelho uniforme, é uma criação dos homens. Foi, em parte, esse desejo de ter tomates todos iguais, somado à vontade de os ter disponíveis todo o ano, que levou a que a grande maioria dos tomates que hoje encontramos tenham perdido o sabor.

Foi precisamente para facilitar a apanha do tomate e a identificação dos que já estão bons para serem colhidos, dando ao tomate uma cor sempre uniforme e evitando a “gola” verde que habitualmente têm, que se desenvolveu uma mutação genética. Esta inibe uma proteína chamada GLK2 que é usada pela planta para produzir açúcar através da fotossíntese. Sem essa proteína, os tomates — que são uma fruta e não um vegetal, originária dos Andes, América do Sul, e que chegou à Europa no século XVI — produzem muito menos açúcar e perdem sabor.

Basta fazer uma experiência simples: colocar num motor de busca na Internet a palavra tomate e ver as imagens que aparecem. São todas de tomates absolutamente perfeitos, na forma e na cor. Segunda busca, agora com as palavras “tomate, variedades” e é todo um outro mundo que surge. Um mundo que não se materializa nos nossos supermercados e mercearias.

Foram também feitas outras adaptações para que os tomates desenvolvessem uma pele mais firme, para facilitar o transporte, e tivessem mais carne no interior, reduzindo a parte gelatinosa, onde estão a sementes. Maria José ainda se debate com os problemas opostos: como estes tomates não foram adaptados à produção em massa, têm, em alguns casos, a pele fina, o que significa que podem abrir fissuras e por isso têm que ser tratados com os maiores cuidados para preservar os seus interiores sumarentos (há até alguns que têm uma pele macia como a dos pêssegos).

A Quinta do Poial é um pequeno paraíso para os amantes de tomate. Os tomates aqui produzidos sabem a tomate e, mais do que isso, têm sabores muito diferentes uns dos outros, que culminam na deliciosa variedade Orange Strawberry, com uma cor laranja, quase a lembrar uma manga, e um sabor doce excepcional. O melhor é mesmo comprar vários tomates diferentes e juntá-los numa enorme salada cheia de cores e sabores. Vamos dar uma volta pelo Poial para conhecer algumas das 50 variedades que aqui crescem.

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