Koschina foi, nessa altura, um grande apoio. “As poucas vezes que estive no Vila Joya — porque não ia lá muito nesse período — foi ele quem me abraçou. Tinha uma relação muito forte com a minha mãe. Mesmo agora, quando fala dela, fica com lágrimas nos olhos. O impacto que a minha mãe teve na equipa e em muitos clientes… ela deve ter sido uma mulher extraordinária e tenho pena de não a ter conhecido melhor. Senti que Koschina compreendia. Não conseguia partilhar isso assim com o meu pai porque as nossas dores estavam em níveis diferentes. Koschina deu-me colo e esperança nesse período.”
Joy correu mundo, foi aprender hotelaria noutros países, gostou especialmente da experiência na Índia, fez de tudo nos hotéis, cresceu. E com 26 anos voltou para tomar conta do Vila Joya. Não foi fácil voltar como dona e reencontrar Koschina. “Eu era muito jovem e tinha esperança que ele me recebesse como recebia antes. Mas demorou dois ou três anos até nos reencontrarmos.”
Koschina sorri também. A morte de Claudia foi igualmente um duro golpe para ele. “Ela queria muito ganhar a estrela Michelin, quando ganhámos a primeira ficou muito feliz, mas morreu um ano antes de eu ganhar a segunda. Foi triste.” Depois apareceu Joy, cheia de ideias. “Agora é ela a dona da casa, não é fácil, é uma nova geração que quer sempre coisas, coisas”, diz, no seu sotaque cerrado.
Mas juntos encontraram um equilíbrio. Koschina é o guardião da elevada qualidade da cozinha, garantindo que os clientes saem sempre satisfeitos, e Joy entrega-se àquilo de que mais gosta: a criatividade. Não é por acaso que, na apresentação da edição deste ano do festival Vila Joya - Tributo a Claudia, a pen com a informação vinha enfiada num pequeno pimento verde.
“Gosto de coisas que surpreendam, que não sejam habituais”, afirma. “Não conseguiria dirigir o Vila Joya como um hotel normal, quero realmente fazer a diferença.” Quando olhou para o festival (que no ano passado não se realizou), achou que era preciso mudar alguma coisa. “Senti a necessidade de lhe dar mais psicologia. Pensei: o que posso mudar numa coisa que cresceu de forma tão extraordinária? Não vou conseguir ultrapassar isto, não é ultrapassável. O que posso fazer para marcar a diferença? A minha maneira de o fazer é dar-lhe carinho, torná-lo outra vez mais pequeno e diferente. Voltar às raízes e à festa. Onze dias com 150 clientes por noite não é uma festa para a equipa. E eu quero que todos possam participar na festa.”
Por isso, o Tributo a Claudia será, este ano, novamente uma festa de família: Klaus, o pai, fará 85 anos, e passaram 20 anos desde a atribuição da primeira estrela Michelin. É tempo de festa para o Vila Joya, tempo de voltar à tradição. “Koschina, Koschina…”, diz Joy abanando docemente a cabeça, “ele é a minha ligação ao passado, a minha tradição”.