“Peixe superlativo, fruta amadurecida pelo sol, cordeiros criados nos prados salpicados de flores, porcos que correm livres, empanturrando-se de bolotas debaixo de florestas de carvalho.” Para a CNN, a gastronomia portuguesa está “profundamente enraizada na frescura dos ingredientes locais”. E, sem eles, “simplesmente não saberia ao mesmo”.
Um factor que para a estação televisiva norte-americana faz com que a cozinha lusa “raramente viaje bem” e que, por isso, a maioria dos restaurantes portugueses no estrangeiro fique habitualmente entregue a “emigrantes melancólicos que procuram em vão matar saudades da comida caseira da mãe”.
No entanto, as coisas estão a mudar, diz a CNN. E o sucesso de chefs portugueses como George Mendes (lusodescendente responsável pelo Aldea, uma estrela Michelin, e pelo recente Lupulo, ambos em Nova Iorque) e Nuno Mendes (que chegou à ribalta com O Viajante, em Londres, encerrado em 2014) está a catapultar a gastronomia portuguesa para o mundo.
Para o jornalista Paul Ames, que assina o artigo em destaque esta sexta-feira, Portugal é o “segredo gastronómico mais bem guardado da Europa”, porventura a cozinha “mais subestimada” do continente. Entre elogios e sugestões, há 20 razões para que o país entre definitivamente na lista de “todos os viajantes foodies”.
Para começar, é uma “perfeição para piscívoros”, oferecendo uma vasta variedade, de chocos bebés a atum ou robalo fresco. “O chef superstar Ferran Adrià diz que o pescado das águas atlânticas portuguesas é o melhor do mundo – e ele é espanhol”, refere o artigo. Uma perfeição tal que traz mais frutos do mar à lista de argumentos da cozinha portuguesa: o “rei bacalhau” (em 5.º), as “santas sardinhas” (15.º) e ainda lampreia, perceves ou língua de bacalhau quando se fala das “peculiaridades comestíveis” (16.º).
Depois há o azeite – “o mundo despertou para a qualidade do ouro líquido português”; o tradicional cozido – que “une o país”, onde a cozinha “é rigorosamente regional”; o “despertar gourmet de Lisboa” - com uma nova geração de chefs a trazer “versões ultramodernas da gastronomia tradicional”; ou os queijos – a razão por que não são mais conhecidos internacionalmente “é um mistério”.
E ainda as tripas à moda do Porto; os pratos de arroz; o porco preto e o leitão; os restaurantes tradicionais; o “legado do império” e as influências e ingredientes trazidos no tempo das Descobertas; a variedade de frutas; a magia dos mercados (Olhão, Funchal, Bolhão e Ribeira em destaque); a doçaria “rival” ao já famoso pastel de nata; as bifanas e os pregos; o borrego, o cabrito, a chanfana, os bifes de vaca, o javali ou a lebre. E tanto, tanto vinho. Dos verdes aos tintos, dos espumantes da Bairrada aos Porto, Madeira e moscatéis ou mesmo as vinhas vulcânicas do Pico.
São 20 razões que, na realidade, se desfiam em muitos mais argumentos, numa ode à maioria dos sabores que compõe a gastronomia portuguesa.