Fugas - restaurantes e bares

  • Nuno Ferreira Santos
  • Miguel Manso
  • Paulo Barata
  • Paulo Barata

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O Loco foi tailandês e o Belcanto tornou-se russo

“Curei o peixe com feno, o que também foi uma novidade para mim”, diz. Mas reconhece que, sendo a Alemanha um país relativamente próximo, seria muito difícil encontrar ingredientes extraordinariamente diferentes. “Não é como se estivesse na China.”

Ficou apenas com pena de não poder usar a carne de caça, porque naquela altura “não tinha a qualidade de excelência” de que precisava, mas criou dois pratos com borrego, um mais “alemão”, com puré de beringela, gel de hortelã e maçã, e outro mais “português”, um cozido de grão com caldo de hortelã.

... e Alexandre Silva na ilha Lummi

O chef do Loco teve a sorte de ir parar a um lugar quase no fim do mundo (pelo menos para quem olha de Portugal): a ilha Lummi, na costa leste dos Estados Unidos, um pouco a norte de Seattle, junto à fronteira com o Canadá.

Ficou instalado numa das cabanas junto ao restaurante Willow’s Inn, do chef Blaine Wetzel, para onde levou a massa mãe com que é feito o pão no Loco e a flor de sal portuguesa. De resto, cozinhou com ingredientes locais que, numa zona muito rica em peixe e marisco, são “diferentes de tudo” a que está habituado. O que mais o surpreendeu — e que usou no prato que escolhe destacar do seu jantar — foi o geoduck, uma amêijoa gigantesca, que cozinhou com pés de porco, tendões e tutano.

Aprendeu, entre muitas outras coisas, que nomes semelhantes se aplicam ali a animais muito diferentes. “Os lingueirões, por exemplo, não têm nada a ver com os nossos e o bacalhau do Pacífico também é completamente diferente.” De carne, usou apenas o pato fumado. Mas confessa-se surpreendido com a variedade de produtos que se encontram numa ilha tão pequena — “em vinte minutos de carro damos a volta” —, como as seis variedades de maçãs ou os frutos secos, que usou também no seu jantar.

O que é o Gelinaz?

O festival que aconteceu na noite de 10 de Novembro é uma ideia do jornalista gastronómico e curador Andrea Petrini e envolveu 40 dos grandes cozinheiros do mundo (três dos quais portugueses, mas também, por exemplo, os chefs do Noma, em Copenhaga, René Redzepi, ou da Osteria Francesca, em Modena, Itália, Massimo Bottura). Vinte deles receberam um bilhete de avião para um destino tirado à sorte, onde tiveram que cozinhar no restaurante de um colega, com a equipa dele e com ingredientes desse país (em alguns casos ficando até na casa do chef local, com a família deste). Os outros vinte estiveram em Bruxelas para uma maratona de jantares (servidos de acordo com diferentes fusos horários), onde pratos concebidos pelos chefs “viajantes” foram recriados por duplas de outros cozinheiros. Para conhecer todos os envolvidos nesta aventura, ver a página oficial do evento.

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