Fugas - restaurantes e bares

  • O chef Nuno Mendes esteve no Alentejo com um grupo de jornalistas estrangeiros
    O chef Nuno Mendes esteve no Alentejo com um grupo de jornalistas estrangeiros Margarida Basto
  • O grupo na visita à horta de São Lourenço do Barrocal
    O grupo na visita à horta de São Lourenço do Barrocal Margarida Basto
  • Algumas das 114 ânforas de barro da Adega José de Sousa
    Algumas das 114 ânforas de barro da Adega José de Sousa Margarida Basto
  • Paulo Amaral
    Paulo Amaral Margarida Basto
  • Jantar na Adega Velha
    Jantar na Adega Velha Margarida Basto

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O Alentejo pelos olhos do chef Nuno Mendes e três jornalistas estrangeiros

Na adega do Barrocal há também uma talha, para uma experiência com este tipo de vinho feito à moda antiga — esse vai ser, aliás, um dos temas deste dia no programa de Nuno Mendes e dos jornalistas estrangeiros. Ainda se há-de aprender muito sobre o vinho de talha feito no Alentejo. Mas, para já, é hora de visitar a horta com José Júlio Vintém e saber o que há para o almoço.

São Lourenço do Barrocal só abriu como hotel há cerca de um ano, por isso a horta ainda está em crescimento. No entanto, há já muitos produtos, cuidadosamente organizados em talhões onde cada tipo de legume está identificado por uma placa. Há, primeiro, um pomar com diversas árvores de fruto, entre figueiras, pereiras, macieiras, pessegueiros, todas ainda pequenas. Ao fundo, dizem-nos, será um galinheiro, para que a herdade tenha a sua própria produção de ovos.

À frente temos as alfaces, as ervilhas, as cenouras, as couves, o alho-francês, os nabos, os espinafres. José Júlio apanha umas ervilhas muito jovens e dá-nos a provar. “Vens aqui todos os dias buscar coisas?”, pergunta Nuno, enquanto arranca do solo uma pequena cenoura, que limpa e trinca. Mas o que mais entusiasma toda a gente são as ervas selvagens, que José Júlio vai identificando e oferecendo a quem quiser provar — espargos das silvas, urtigas, azedas, cardos. Nuno entusiasma-se com os sabores amargos e ácidos das ervas que lhe trazem memórias de infância.

Nuno Mendes escreve sobre Portugal

Esta viagem é para o chef português baseado em Londres ao mesmo tempo o final de um projecto e o início de outro. No dia 5 de Outubro vai lançar o livro em que trabalhou nos últimos tempos, uma centena de receitas e várias histórias sobre a cozinha de Lisboa. Esse trabalho fê-lo viajar até Portugal muitas vezes e revisitar a sua infância e juventude, os cozinhados da avó, os cheiros vindos da cozinha quando se preparava o almoço ou o jantar. Diz que, a cada vez, vem aberto à descoberta e numa viagem como esta prefere até colocar-se na posição dos seus companheiros, como se visse tudo pela primeira vez.

O projecto seguinte é ainda mais ambicioso: será outro livro, mas desta vez sobre todo o Portugal. E estes dias longe da azáfama constante que é a sua vida em Londres servem precisamente para parar um pouco e fazer com que as memórias regressem. Mais à frente, Nuno pára junto a uma amendoeira e aconselha-nos a provar as amêndoas verdes. É preciso trincar o exterior, mas quando se chega ao interior é uma surpresa porque a amêndoa é ainda translúcida e gelatinosa, concentrando nesse corpo frágil um sabor muito especial.

“Vou cozinhar-vos uma sopa de peixe do rio com poejo e preparar-vos um prato de beldroegas”, anuncia José Júlio. Avançamos para o restaurante enquanto Terese nos explica como Portugal é “muito pouco conhecido” na Suécia e como o vinho português tem dificuldade em destacar-se. Conta que tinha estado numa prova cega no seu país e que tinha pontuado muito bem um vinho que veio a saber depois que era do Esporão, a herdade que o grupo visitara na véspera e onde Terese ficou impressionada também com a cozinha do chef Pedro Pena Bastos, “que parece muito simples mas na realidade não é”.

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