Fugas - restaurantes e bares

  • Pedro Pena Bastos na cozinha do Esporão
    Pedro Pena Bastos na cozinha do Esporão dr
  • Gamba violeta grelhada com sopa de pão e marisco
    Gamba violeta grelhada com sopa de pão e marisco dr
  • Os vinhos que inspiraram a refeição
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  • O vinho mais antigo aberto para a prova era de 1987
    O vinho mais antigo aberto para a prova era de 1987 dr
  • O Esporão realiza uma vez por ano o jantar da Prova Anual de Vinhos Raros da sua garrafeira
    O Esporão realiza uma vez por ano o jantar da Prova Anual de Vinhos Raros da sua garrafeira dr

Herdade do Esporão - Pratos que põem os vinhos a contar a sua história

Por Alexandra Prado Coelho

Uma vez por ano, o Esporão abre a garrafeira para uma prova de vinhos raros, que atravessam a história da herdade. Pedro Pena Bastos criou um menu a partir dos aromas e sabores que esses vinhos guardam.

Pedro Pena Bastos faz um gesto discreto, convidando-nos a passar para a cozinha. Abandonamos a mesa em que acabámos de jantar, deixando os outros distraídos a conversar, e seguimo-lo.

Abre armários para mostrar pequenas caixinhas alinhadas e organizadas por ordem alfabética com todo o tipo de ingredientes e especiarias, mostra-nos o frigorífico onde estão diferentes carnes a maturar, a zona de difícil acesso onde acontecem fermentações, a manteiga a envelhecer, os sacos de vácuo onde faz pickles de diferentes frutas e legumes.

Há todo um mundo de sabores em evolução escondido nesta cozinha. Aqui os alimentos estão vivos, transformam-se, ganham intensidades, profundidades, nuances. Quando chegarem aos pratos serão já outros — o próprio chef do restaurante do Esporão não sabe exactamente que resultados vai obter. É um trabalho de descoberta.

Foi entre muitos destes sabores (e outros que não estão aqui) que encontrou os equilíbrios certos para as harmonizações com os diferentes vinhos escolhidos para a Prova Anual de Vinhos Raros da Garrafeira Esporão. É o segundo ano que se realiza este encontro aberto a quem queira conhecer melhor a história dos Esporão através dos seus vinhos e, claro, o trabalho de Pedro Pena Bastos na cozinha desta herdade alentejana junto a Reguengos de Monsaraz.

Assim, na noite de dia 13 de Maio, quem não estava em Fátima, a festejar a vitória do Benfica ou colado aos ecrãs a ver Salvador Sobral a arrebatar o festival da Eurovisão, podia estar no Esporão a descobrir uma história que começou em 1973 quando José Roquette e Joaquim Bandeira adquiriram a propriedade.

“No início muitos acharam que a ideia de ter um château no Alentejo era megalómana”, conta Sandra Alves, enóloga responsável pelos brancos da casa e que conduziu a prova. E, de facto, as coisas começaram mal. Em 1974, a herdade, cuja história remonta ao século XIII, foi ocupada e só foi devolvida em 82. O primeiro vinho surge três anos depois, em 85 (só restam dez garrafas) — e logo aí começa, com um trabalho de Cargaleiro, a tradição de ter artistas a criar os rótulos.

Branco feito na talha

O jantar foi todo pensado por Pedro Pena Bastos a partir dos vinhos escolhidos por Sandra Alves, e em diálogo com ela. E começou com uma das novas experiências do Esporão, que ainda não está no mercado, um Talha Branco 2016, feito nas talhas de barro antigas que foram sendo adquiridas a quem ainda as mantinha para voltar a fazer vinho com a técnica usada pelos romanos — Sandra Alves descreve a experiência como “um exercício de humildade” da parte de um enólogo, que tem, num vinho assim, uma intervenção muito menor.

Na Adega dos Lagares, construída em 2014, há sete talhas revestidas com uma mistura de cera de abelha, resina de loureiro e azeite que é queimada para criar um vidrado. Aqui faz-se o Talha Tinto (vendido apenas na loja do Esporão) e, agora, o branco. Para acompanhar este vinho jovem, Pedro Pena Bastos fez um prato cheio de frescura: creme de cabeças de lagostim com granizado de brócolos e os animais servidos ao lado, marinados em sésamo e miso e salpicados de flor de brócolo.

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