Fugas - Viagens

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A volta ao mundo de Luís Simões desenha-se em cinco anos

Por Luís J. Santos

Luís Simões prepara-se para viajar durante cinco anos pelos cinco continentes, sempre a desenhar, passo a passo. Designer gráfico e desenhador do quotidiano, baptizou o projecto de World Sketching Tour. Uma odisseia do desenho.

Dar a volta ao mundo. Cruzar dezenas de países pelos cinco continentes. Andar nas calmas, sempre a desenhar. Um sonho. Mas... cinco anos? À frente dos álbuns e blocos de esboços em descanso, Luís Simões, armado de um sorriso paciente de quem já está muito habituado ao espanto inerente à pergunta, não vacila: "Tinha que ser. Cinco continentes... cinco anos...". Ou, de forma mais prática: quando começou a delinear o projecto de andar a desenhar por todo o mundo, deu voltas e mais voltas no Google Maps, assinalando os lugares que queria visitar e o tempo que queria ficar em cada um. E "o resultado era sempre quatro anos e qualquer coisa. Decidi-me pelos cinco. Afinal, isto é a viagem de uma vida."

Tempo assente, nasceu a World Sketching Tour deste designer gráfico de 32 anos apaixonado por registar, com canetas e aguarelas, momentos, cenários e vidas. Deixa para trás um emprego seguro - era motion designer na SIC - resolveu famílias, compromissos e relações e, a partir de 16 de Março até 2017, deverá visitar, pelo menos, uns 75 países.

"Até agora, a ideia com que ficava quando viajava é que tudo era muito rápido. Nas férias apetecia-me sempre mais, ficar, conhecer o país, as pessoas. Isso é que é a viagem, teres esse contacto. É o que me cativa. E, como desenho, preciso desse tempo de contemplação, de absorção". Para "comprar" tanto tempo, poupou: "Já ando a juntar dinheiro há uns três anos, não faço extravagâncias. Abdiquei de sair à noite, de gastar em saídas".

"Bem sei que há quem pense ‘o gajo é um menino rico' ou ‘trabalha na SIC, tem muita facilidade de contactos' mas as coisas não são bem assim", atira. "Eu conheço pessoas e isso é bom mas se o projecto não tiver interesse ninguém pega. É mais um. Inicialmente, fiz tudo para mim. Mas comecei a pensar também em termos de projecção, de marca. Invisto pessoalmente mas é também um investimento de vida, porque é isto que quero fazer". Além disso, também se vê a trabalhar ao longo da viagem, preferencialmente na área de desenho, mas não a vender os seus trabalhos na rua. Porém, "se for preciso, também vendo. E, se tiver que trabalhar a lavar chão, lavo. Não há mal nenhum. Desde que consiga continuar a minha viagem". A sua resolução é convincente e ninguém duvida, especialmente quando acrescenta: "Agora, acordo feliz todos os dias. Ainda há pouco vinha a andar para aqui, a aproveitar o sol, e a pensar ‘já devia ter feito isto há mais tempo'".

Grand Tour
A odisseia de Luís Simões, que irá contando online e em revistas, é fácil de resumir: fazer todos os continentes, tomar tempo em cada aldeia, cada vila, cada cidade, para desenhar e conhecer outros urban sketchers (os desenhadores de diários gráficos) como ele, uma comunidade a que pertence há alguns anos.

Mas a sua descoberta a sério das viagens começou há mais tempo, por volta dos 20 anos. E, antes de tornar-se um desporto em si, teve origem, precisamente, num desporto: no corfebol. Simões foi chamado várias vezes à selecção portuguesa desta modalidade. "Quando viajava, mesmo para jogos, punha o despertador para acordar às 6 da manhã e desenhar os sítios por onde passava". Foi um mundo que foi descobrindo "aos bocadinhos". "Não foi tipo ‘quero ser viajante mochileiro e desenhista'". Mote: "Quando desenho estou a viajar naquilo tudo. Quando viajo, é para ir atrás do desenho".

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