Fugas - Viagens

  • Contra a velocidade do mundo, o tempo do desenho
    Contra a velocidade do mundo, o tempo do desenho Daniel Rocha
  • World Sketching Tour. Luís Simões
    World Sketching Tour. Luís Simões
  • Marrocos, Tafraoute
    Marrocos, Tafraoute
  • Marrocos, Tafraoute
    Marrocos, Tafraoute
  • Marrocos, Essaouira
    Marrocos, Essaouira
  • Marrocos, Essaouira
    Marrocos, Essaouira
  • Porto
    Porto
  • Porto
    Porto
  • Porto
    Porto
  • Porto
    Porto
  • França, Clermont-Ferrand
    França, Clermont-Ferrand
  • Croácia
    Croácia
  • Croácia
    Croácia

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A volta ao mundo de Luís Simões desenha-se em cinco anos

Até porque um dos seus objectivos é aprender com outros artistas, documentar (também em vídeo) o seu trabalho, "aprender outras maneiras de ver". A viagem, diz, é "radicalmente low cost" e vai sendo feita sem recurso a avião. "À boleia, em camiões, em velhos autocarros, a pé...". Sistema similar para estadas e afins: vai ficando em casa de conhecidos e desconhecidos, usando o CouchSurfing (digamos, sofás grátis para convidados), aproveitando os convites de outros desenhadores do quotidiano. Já tem alguns contactos e apoios, mas o grande apoio inicial chega através de um consenso familiar.

Abra-se um parêntesis. De início, a família não reagiu da melhor maneira a este desaparecimento pelo mundo durante tanto tempo. Os pais ainda tentaram uns "vê lá, vais-te demitir, pensa bem". Simões manteve-se irredutível. Até que, por fim, chegaram a um "E se nós fôssemos também?". "No way!". Lá chegaram a um consenso: os pais, já reformados, embora nunca tivessem sido grandes viajantes (o pai odeia avião), pensaram e decidiram fazer a sua própria aventura: compraram uma autocaravana e vão viajar um ano pela Europa. Um plano paralelo, que permitirá que Simões vá à sua vida mas que, quando possível, poderá levar a coincidir num encontro ou outro. Já que surgiu a possibilidade, Simões aproveita e é com os pais que segue, à boleia, desde Portugal. "Vamos andando, à medida que as coisas forem aparecendo, vamos decidindo".  Mas isto é no primeiro ano. E, nos outros quatro, nem lhe passa pela cabeça interromper o "passeio" para voltar a Portugal. Nem pelo Natal? "Não". Mas não faltarão visitas de amigos e familiares.

Desenha-me o mundo
A viagem de Simões é também uma verdadeira recusa da velocidade, uma espécie de adaptação ao tempo da sua arte. Na verdade, é até uma rejeição da vida-ao-computador. Veja se reconhece esta imagem: anos e anos colado ao computador, dia e noite... É uma tour que, para ele, significa igualmente a libertação das amarras da máquina. Anulando-a (pelo menos a tempo inteiro), opta por dedicar-se ao "artesanato", à lentidão humana do desenho. É assim que sairá calmamente de Portugal a 16 de Março, cruzando Espanha, subindo França pelo norte, indo até Inglaterra, toda a Europa à proa. Lá pelo Verão, espera estar pela Escandinávia, para aproveitar a luz. Depois, mais Europa, até chegar o grande momento do Transiberiano.

É que, para ele, a Europa é "estágio" e a aventura começará, de facto, é no próximo ano, quando o Transiberiano o levar a paragens menos similares, para "perder-se" pela Ásia e na Índia, para pôr à prova o seu fascínio por Auckland e a Oceânia, para seguir pelas Américas. O fim será no continente "mágico": África acima até terras marroquinas. "Curiosamente, a última viagem que fiz foi a Marrocos". Foi uma das "viagens de treino", outras foram à Croácia e França, sempre sem usar hotel, ficando em casas particulares e usando a rede CouchSurfing. "Mantém-se um contacto incrível com as pessoas, faz-se amigos. É um lado humano que eu gosto. Isso é o mais aliciante". E, como quer ir "devagarinho", sem ser "absorvido pela viagem", nem planeia nada para quando regressar. Talvez um livro, "algo longe do normalíssimo livro de viagens", talvez exposições, talvez um trabalho documental sobre os urban sketchers deste mundo. "Vamos a ver até que ponto isto é interessante para as pessoas. Se no fim essa riqueza for interessante para mais gente, ok, vamos lá partilhar."

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