Fugas - Viagens

  • Cathal McNaughton / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • David Moir / Reuters
  • Cathal McNaughton / Reuters
  • Cathal McNaughton / Reuters
  • Cathal McNaughton / Reuters
  • Cathal McNaughton / Reuters

Continuação: página 4 de 8

Bem-vindos a bordo do novo Titanic

De repente, ouve-se um barulho enorme e um segurança manifesta o seu nervosismo, correndo para a zona onde opera um elevador. Por instantes, recupero uma imagem daquela manhã, quando questionei um polícia sobre os motivos de algumas ruas estarem cortadas ao trânsito e vedadas à circulação pedonal.

- Um alerta de segurança - e mais não disse.

Neste templo futurista evoco as sombras de um passado turbulento nas ruas de Belfast e sinto-me capaz de citar as palavras do primeiro-ministro no discurso que precedeu a abertura oficial do Titanic Belfast.

- Juntos, seremos fortes; divididos, seremos fracos -, afirmou Peter Robinson, aludindo ao processo de paz.

Nada se passara e, sem receios, encontro-me agora, na companhia de um casal irlandês, à espera de experimentar o Arrol Gantry, um impressionante elevador atmosférico em metal que é uma versão do pórtico original de aproximadamente 70 metros, essencial para a construção do Titanic.

- Esta é uma visita imperdível, não acha?

Respondo afirmativamente à senhora e na minha imaginação pinta-se o espectáculo proporcionado por 15 cavalos puxando pelas ruas de Netherton, até à estação de comboios de Liverpool - e daí embarcou para Belfast -, uma âncora de 15 toneladas para o Titanic (teve um custo total de 1,5 milhões de libras num tempo em que o comandante, Edward Smith, então com 62 anos, auferia um salário mensal de 105 libras). O transatlântico, desenhado nos escritórios da Harland & Wolff, uma enorme sala abobadada de tecto alto que ainda hoje pode ser visitada, pesava 46.328 toneladas, 18 metros de altura desde a linha de água, 28 metros de largura e quase 270 de comprimento - colocado na vertical, o Titanic media quase o dobro da Grande Pirâmide de Gizé, no Egipto, ou da Basílica de São Pedro, em Roma, ao mesmo tempo que superava os prédios mais altos da época, como o New Woolworth, em Nova Iorque.


Da terra para o mar

- Os meus pais levaram-me pela mão até às docas de Workman and Clark para assistir ao lançamento porque havia muita gente na Harland & Wolff. Lembro-me de uma enorme multidão, tinha eu na altura quatro anos e meio, e de ver aquela massa de metal a deslizar.

Hoje com 105 anos, Cyril Quigley, convidado de honra no dia da inauguração do Titanic Belfast, é seguramente a única testemunha de um momento sem paralelo na história marítima. A 31 de Maio de 1911, uma quarta-feira, um dia quente e cheio de sol, o Big ‘Un (diminutivo de unsinkable, que significa inafundável), como era afectuosamente conhecido entre homens e mulheres que o construíram e o dotaram de todos os luxos, fez a transição entre a terra e a água. "O navio deslizou sobre o rio (Lagan) com uma elegância e uma dignidade tais que, no momento, deu a impressão de estar consciente da sua própria força e beleza, e ouviu-se um rugido de aplausos quando as vigas em que esteve apoiado cederam à pressão que sobre elas foi colocada. O Titanic entrou em contacto com a água como se estivesse ansioso pelo baptismo e em 62 segundos ficou completamente liberto da doca seca."  

--%>