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Varsóvia, a capital mal-amada

Uma operação de regeneração desta escala nunca antes tinha sido ensaiada e veio a ser distinguida pela UNESCO. Foi uma incrível demonstração de tenacidade e de amor à camisola dos polacos, mas o centro antigo de Varsóvia nunca mais se vai livrar da aura de parque temático da História. Tem esse fascínio dúbio: o lugar mais sagrado da alma polaca é também o seu enclave mais teatral. A fuga à armadilha da fossilização passa por converter o centro antigo num novo pólo cultural da cidade e dar novos usos aos seus espaços antigos. É o que acontece com a galeria Zacheta, mansão neo-renascentista dedicada à exibição de arte polaca contemporânea, ou do novo museu Chopin, no neoclássico Palácio Ostrogski. O edifício é o mesmo, mas a exposição é agora um show completamente interactivo, que escandaliza os tradicionalistas e projecta o mais célebre habitante de cidade na Varsóvia do futuro.


Estaline mix

Varsóvia tem um centro histórico, mas também um centrum moderno, coincidente com esse delicioso mamarracho que é a Gare Central. Nesta área, o programa pós-guerra ditou a construção de uma nova centralidade de acordo com os cânones do Realismo Socialista. Daí a retícula geométrica, definida por praças majestosas, cortadas por avenidas que se prolongam até aos subúrbios. O destaque vai para as praças vizinhas da Constituição e das Paradas, aquela com um conjunto neoclássico ao estilo Guerra Fria, esta dominada pela jóia da coroa comunista, o colossal Palácio da Cultura e da Ciência. Tem 213 metros de altura, 3288 divisões e empregou seis mil trabalhadores recrutados em países comunistas. Foi uma "prenda" de Estaline, que os polacos acabaram por pagar e odiar como símbolo da hegemonia soviética. Por isso foi eleito para o topo das coisas a abater, quando a democracia e o governo municipal foram restaurados, em 1990.

O Palácio acabou por sobreviver e ainda bem. Primeiro porque é a principal testemunha de quarenta anos de história polaca recente e, por isso mesmo, um dos principais spots turísticos da cidade. Depois, é uma peça de arquitectura como não há mais nenhuma: o arranha-céus capitalista tipificado no Empire State Building, na versão Realismo Socialista do russo Lev Rudynev, rematado com montes de pormenores da arquitectura do Renascimento Polaco. Mas o melhor, ou o mais interessante, é que o Palácio da Cultura e da Ciência ganhou uma segunda vida. Desde 1990 tem vindo a acolher uma série de empresas ocidentais e um casino, por sinal o maior da Polónia, mas também um sortido de espaços de arte e de cultura, que estão de moda sobretudo entre as gerações mais jovens.

O eclectismo que se verifica no interior do edifício repercute o que está a acontecer cá fora, sobretudo nos quarteirões ocidentais da Praça das Paradas, que se estão a tornar na maior concentração de arranha-céus envidraçados da Polónia. O destaque vai para Zlota 44, o sinuoso monólito de Daniel Liebskind, de 192 metros de altura, ainda em construção, mas que é já um símbolo privilegiado da Polónia do século XXI. Os familiares "logos" das grandes corporações internacionais (incluindo a rede bancária Millennium e a rede de supermercados Biedronka, de Jerónimo Martins) cintilam no alto destas novas folias arquitectónicas, proporcionando um sugestivo jogo de contrastes com o Palácio da Cultura, a Gare Central e todos os blocos de pré-fabricados que se conservam em pleno centrum. Algures nesta mistura caprichosa estará a nova alma da Polónia?

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