Fugas - Viagens

Pela Mouraria, é o fado que nos guia

Por Marta Spínola Aguiar (texto), Sara Pereira (vídeo), Carla Rosado (fotos)

Na Mouraria, há berços de grandes nomes do fado porta sim, porta não - da Severa a Fernando Maurício. Este Verão há visitas guiadas e cantadas à Mouraria fadista e as janelas do bairro abrem-se para ouvir cantar guias como Ana Maurício.
Às 18h30 em ponto de uma sexta-feira soalheira, o átrio da Igreja de Nossa Senhora da Saúde, no Martim Moniz, em Lisboa, encheu-se de curiosos, amantes do fado e, como não podia deixar de ser, da fadista e seus músicos. Quem lá ia pela primeira vez apenas sabia uma coisa: que se ia cantar o fado e a Mouraria ia dar-se a conhecer como nunca o tinha feito. Para outros estas visitas já faziam parte dos planos há muito tempo, mas as expectativas continuavam altas.

Nas Visitas Cantadas na Mouraria da Associação Renovar a Mouraria, em parceria com o Museu do Fado, os turistas, estrangeiros, lisboetas e não-lisboetas, iam ser guiados pela sabedoria de Paulo Antunes, guia e colaborador da Associação Renovar a Mouraria, e pela voz de Ana Maurício, fadista com fortes ligações ao bairro lisboeta.

"Além de ter nascido aqui e de ser a fadista do bairro, fui marchante [nas Marchas Populares de Lisboa, todos os anos em Junho] durante alguns anos, mais tarde vim a ser madrinha da Marcha da Mouraria e todas estas pessoas trazem-me as recordações daquilo que vivi e brinquei aqui", diz Ana Maurício, sobrinha do fadista Fernando Maurício, artista emblemático do bairro e do fado. Noutras visitas, outros fadistas ajudam a conhecer os cantos da Mouraria.

Numa roda à volta dos artistas, aos poucos pedia-se o silêncio que a canção de Lisboa exige. Os acordes da guitarra de António Parreira e da viola de Guilherme Carvalhais mergulharam os cerca de 60 presentes num silêncio fadista, enquanto Ana Maurício cantava com os pulmões cheios e com a voz que a Mouraria já conhece. Estava oficialmente aberta a visita. Entre portugueses e estrangeiros, a curiosidade era imperativa e a admiração também. Sabia-se que ia ser uma hora e meia passada à volta daquilo que é português e património imaterial da humanidade: o fado.

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