Nas Visitas Cantadas na Mouraria da Associação Renovar a Mouraria, em parceria com o Museu do Fado, os turistas, estrangeiros, lisboetas e não-lisboetas, iam ser guiados pela sabedoria de Paulo Antunes, guia e colaborador da Associação Renovar a Mouraria, e pela voz de Ana Maurício, fadista com fortes ligações ao bairro lisboeta.
"Além de ter nascido aqui e de ser a fadista do bairro, fui marchante [nas Marchas Populares de Lisboa, todos os anos em Junho] durante alguns anos, mais tarde vim a ser madrinha da Marcha da Mouraria e todas estas pessoas trazem-me as recordações daquilo que vivi e brinquei aqui", diz Ana Maurício, sobrinha do fadista Fernando Maurício, artista emblemático do bairro e do fado. Noutras visitas, outros fadistas ajudam a conhecer os cantos da Mouraria.
Numa roda à volta dos artistas, aos poucos pedia-se o silêncio que a canção de Lisboa exige. Os acordes da guitarra de António Parreira e da viola de Guilherme Carvalhais mergulharam os cerca de 60 presentes num silêncio fadista, enquanto Ana Maurício cantava com os pulmões cheios e com a voz que a Mouraria já conhece. Estava oficialmente aberta a visita. Entre portugueses e estrangeiros, a curiosidade era imperativa e a admiração também. Sabia-se que ia ser uma hora e meia passada à volta daquilo que é português e património imaterial da humanidade: o fado.