Fugas - Viagens

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Brasília é rock

Depois disso, o “superdotado” que se “transformou no maior poeta do rock brasileiro, no maior letrista que já passou por aí”, no “líder absoluto desse movimento que começou em Brasília”, depois disso Renato Russo não voltaria a tocar em Brasília. Ironia do destino: “Brasília hoje venera Renato como cultura local e genuína.” E tem até um centro cultural com o seu nome. Brasília também é rock.

Guia prático
Onde ir

Centro Comercial CONIC
De uma Igreja a um cinema, de uma loja de música e outra de instrumentos musicais a uma loja de roupa gótica, o centro comercial CONIC é um espaço virado para a cultura urbana. Entre as paredes com graffitis deste edifício que tem partes ao ar livre “tocam” bandas como Sepultura, Legião, Nação Zumbi, Raimundos: na Berlin Discos espalham-se os CD pelas prateleiras, os vinis estão ao centro. Rafael Costa, vendedor, conta que, “incrivelmente”, vendem bem. “Ainda existem fãs”.

Um pouco mais à frente e chegamos à Verdurão Camiseta, uma loja de t-shirts onde ficamos a aprender parte do vocabulário brasiliense. Eles vendem t-shirts com palavras que só se usam em Brasília: “eu falo brasiliês”, camelo (bicicleta), véi (cara, tipo), bloco (são os prédios da cidade), prego (sacana), baú (autocarro)… Se se quiser ter uma ideia da cultura urbana de Brasília, este é o local a visitar. Além de que pode sempre esbarrar com jovens estudantes de artes que vão passando e tentando ler-lhe um poema a troco de uns reais.

Onde comer
Bar do Amigão
Rua Buarque de Macedo, 500
Asa Sul

Meses depois, ao escrever este texto ainda nos lembramos do feijão e do joelho de porco que comemos em Janeiro neste espaço que à porta diz ser “o melhor botequim da cidade” – e não estará longe da verdade. É hora de almoço e o rebuliço é enorme, vemos a entrar e a sair pessoas muito diferentes - homens de fato e gravata, pessoas mais descontraídas, funcionários públicos, residentes na área. Sentamo-nos na mini-esplanada e trazem-nos para a mesa os pratos e talheres (nós é que temos de pôr a nossa mesa). De resto, estamos “num bar sujo, caro, desconfortável, o garçon é bruto, mas tem que ser assim – se mudar estraga”, diz a brincar Eluísio Rosa, 65 anos. Ele, como mais um par de pessoas, vem ao Amigão todos os dias – mete-se no carro e demora 15 minutos desde o aeroporto. “A feijoada à sexta-feira e sábado é muito procurada”, revela. Lá dentro, numa cozinha que tem o chão gorduroso, a cozinheira revela pouco sobre o segredo, além de que é um feijão feito com “amor e carinho” – e orelha, linguiça, carne de porco, mais “de tudo um pouco”. Rubens Arake, o dono há 23 anos, explica que o bar se chama assim porque o fundador “tinha a mania de chamar todo o mundo de amigo”.  Filosofia deste boteco? “É um bar para bater papo, não tem música, é só para conversar, beber e comer.” Especialidades, segundo o dono: para “beliscar” há rosbife, pernis, pastéis; para refeição há parmigiana, o joelho, a feijoada. Aviso: estará fechado nos dias em que o Brasil jogar no Mundial.

Beirute
109 Asa Sul (original) e 107 Asa Norte

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