Fugas - Viagens

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Brasília é rock

É um dos lugares míticos de Brasília e um dos mais antigos. Começou por ser propriedade de dois árabes, Youssef Sarkis Maaraouri e Youssef Sarkis Kaawai, que em 1966 compraram o espaço original, na 109 Asa Sul. Mudaria de mãos em 1970, quando foi comprado pelos irmãos cearenses Bartô e Chico, actuais proprietários.

Estamos numa quinta-feira ao fim do dia e o bar da Asa Norte está lotado – temos que esperar por uma mesa durante vários minutos. Há gente de todas as idades, muitos que vieram directamente do trabalho. “Beirute é talvez o bar mais tradicional de Brasília, dizem que é o mais democrático da cidade”, conta Fabrício Ofuji. “É um bar que recebe todo o tipo de gente.” Poetas, escritores, pessoal da classe artística, o Beirute era frequentado por muita gente e instalou-se como “um bar sem preconceitos” onde “todo o mundo fosse bem-vindo”.

Duas especialidades escolhidas por Fabrício: kibeirovo, um kibe prensado, que é fechado com queijo e “tem a graça de ter um ovo em cima, como um bife a cavalo”, e Diabo Verde, uma bebida que mistura várias bebidas alcoólicas e “não pergunte a receita”, pois é “segredo igual a coca-cola”. Nós experimentámos o misto árabe quente – arroz com lentilhas, duas unidades de charuto (carne picada com arroz enrolada em couve) e um mexuê de filet por 29 reais e o filet estava particularmente saboroso.

Armazém do Ferreira
202 Asa Norte (há em Águas Claras)

Um chopp não é uma imperial, e é preciso estar ciente disso quando chegar ao Armazém do Ferreira, uma casa especializada em petiscos e em chopps que tem como lema “o creme compensa”. Este chopp, o melhor que experimentámos durante a passagem por várias cidades no Brasil, não tem espuma, tem um creme, ou melhor, tem uma mousse. O “colarinho” quando chega à mesa é largo, mas, atenção!, é preciso beber depressa, não vá essa mousse desaparecer. O segredo? O especialista na arte de tirar chopps, Valdinez, 40 anos, vencedor de concursos, aparece por detrás de uma enorme máquina gelada, com várias torneiras, e uma torneira especial de onde só sai a tal espuma-creme-mousse. É ela a responsável por este chopp ser único, e porquê? Porque ajuda a manter o gás, a temperatura e a qualidade. Melhor dizendo: porque é mesmo boa.

Carpe Diem
104 Asa Sul

Aproveitem o espaço: o Carpe Diem é restaurante mas também espaço de cultura e bom para quem quer ter um almoço descontraído. Aqui já foram lançados cerca de 1500 livros, de personalidades como Cristovam Buarque, ex-governador de Brasília, ou José Dirceu, o ex-chefe da Casa Civil de Lula da Silva, preso pelo esquema do mensalão. Fica numa zona em que se pode ver a vida de bairro a acontecer em Brasília – cidade feita mais para andar de carro do que a pé e onde os bairros se escondem atrás das grandes avenidas.

O restaurante tem dois espaços: uma varanda e uma sala fechada, mais formal, onde se espalham livros. O Carpe Diem abriu em 1991, e hoje tem outros espaços na cidade além deste na Asa Sul, o original. O objectivo, quando abriu, era fazer uma síntese do que era Brasília na época, e ter um “cardápio com a melhor gastronomia de cada região”, conta o dono e fundador Fernando La Rocque, 66 anos. E como em Brasília estavam as embaixadas, o menu incorporou também cozinha internacional. O prato mais antigo é o filé mignon com alho crocante (que tem alho assado, manteiga de alho e alho crocante), acompanhado de brócolos e arroz branco. Durante a Copa vão ter televisões para transmitir os jogos e um DJ para o after – “se o Brasil ganhar [o Carpe Diem] vira festa”.

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