Fugas - Viagens

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A Tunísia quer voltar a ser cenário de Hollywood

A garra de areia de Chott El-Gharsa (Episódio 1: A Ameaça Fantasma) onde se travou a batalha que opôs Qui-Gon Jinn (mentor de Obi-Wan Kenobi, o futuro professor de Anakin e de Luke) e Darth Maul (treinado para… matar os Jedi, como não podia deixar de ser).

Talvez o leitor nunca tenha visto e revisto a saga mas não pode nunca ter ouvido falar de Luke nem do lado negro da Força. É possível que não saiba quem são os Stormtroopers (tropas de elite da Guarda Imperial prontas a combater no gelo, no deserto ou na floresta). Não passa pela cabeça de ninguém que o leitor não reconheça Darth Vader, mesmo na improbabilidade de nunca ter visto nem um único filme (ou pedaço de episódio) da Guerra das Estrelas.

O tempo — o real, já fora da sala de cinema — não pára de passar e os elementos, aqueles com que tivemos de aprender a lidar para viver neste planeta, são implacáveis. Nem Luke nem os Stormtroopers podem travar estas certezas. Isto significa que um dia pode não restar nada da Guerra das Estrelas na Tunísia. Enfim, estarão por lá as cores impossíveis, as montanhas e os desfiladeiros e os oásis e o lago de sal, talvez não para sempre mas ainda durante muito, muito tempo. O que pode não sobreviver mais 37 anos são os cenários naturais interiores, como Mos Spas, perto de Nefta, e os seus 15 edifícios ainda praticamente intactos entre o que foi um cenário mais vasto entretanto coberto por dunas. É o porto espacial e casa do escravo Anakin Skywalker (Darth Vader viria a ser…), com a arena onde se organizam corridas de naves.

Nas montanhas de Matmata, a uns 40 quilómetros do oásis de Gabès, a casa de Luke é agora um hotel, o Sidi Driss. Paredes brancas e portas amarelas, as pinturas originais no tecto e uma divisão que reproduz (mesmo) a decoração da cena — a da conversa de Luke com os tios. Para quem tenha visto (Episódio IV: Uma Nova Esperança) é impossível não se sentir a atravessar a tela, não há como não experimentar um friozinho na barriga, arrepios e pêlos a eriçarem nem que seja por breves momentos. É a magia do cinema, da imaginação, do contrato de fé, do regresso à infância, que triste seria nunca nos sentirmos assim.

Dependendo do leitor, este texto é para todos, para os que só ouviram falar do lado negro da Força, para os que têm uma leve ideia da máscara (cabeça) de Darth Vader, para os que guardam em casa um sabre de luz, para os que há meses não conseguem parar de rever um filme atrás do outro, sabendo que a rodagem do próximo já começou, conhecendo já o elenco escolhido por J.J. Abrams, sonhando já com o que há-de vir, em 2015, estas experiências podem ter uma infinidade de níveis. O que garantimos é que nenhum ser (humano ou imaginário) pode ficar indiferente à força que é ao mesmo tempo brutal e bela e perene da paisagem onde George Lucas chegou, de malas e bagagens. E a palavra “garantimos” não é exagero cinematográfico nem delírio, é facto.

Há rumores de que o novo Star Wars pode passar pela Tunísia — mas isso é muito improvável, Hollywood ainda não decidiu regressar à Tunísia, ainda não se permitiu descobrir a nova Tunísia — e o filme já está a ser rodado entre Abu Dhabi e Marrocos (enfim, é tudo mais ou menos secreto, mas lá se vão sabendo alguns detalhes e há coisas demasiado grandes para estarem escondidas todo o tempo ou serem mantidas em segredo absoluto). Depois de terem sido publicadas fotos dos cenários do Star Wars: Episode VII (o primeiro da próxima trilogia), o realizador J.J. Abrams pediu esta semana na sua conta Twitter para que quem tiver acesso aos locais de rodagem pare de divulgar seja o que for.

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